Copersucar, que une a produção de quase cem usinas de açúcar no Brasil, é
considerada a maior comercializadora de açúcar e etanol no mundo.
Folhapress
O Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) aprovou sem
restrições a joint venture entre as gigantes Cargill e Copersucar para
combinar suas atividades globais de comercialização de açúcar.
O despacho da Superintendência-Geral do órgão foi publicado nesta
segunda-feira (7) no "Diário Oficial da União". O negócio foi anunciado
no fim de março.
A Copersucar, que une a produção de quase cem usinas de açúcar no
Brasil, é considerada a maior comercializadora de açúcar e etanol no
mundo.
A Cargill, uma das maiores empresas do mundo com capital fechado
--tem 140 mil funcionários e atua em 65 países--, origina açúcar nos
principais países produtores ao redor do mundo, incluindo o Brasil. A
empresa tem sede nos Estados Unidos e faturamento de US$ 137 bilhões com
diversos negócios agropecuários.
No Brasil, a empresa opera, em conjunto com outras empresas, o
Terminal de Exportação de Açúcar a Granel (Teag), no complexo portuário
de Santos.
O acordo deve gerar economias e ganhos de escala para as empresas, que têm negócios complementares.
Em um mercado altamente competitivo, disputado por grandes tradings
internacionais, o diferencial da Copersucar é o acesso à matéria-prima.
Ela une a produção de 47 usinas sócias e 50 usinas parceiras em um
sistema integrado de logística, transporte, armazenamento e vendas.
A Cargill, por sua vez, destaca-se pela enorme capacidade logística
em várias regiões do mundo. Desde que o negócio de açúcar começou a dar
prejuízo à multinacional, em 2011, a companhia tirou o pé desse mercado.
O acordo, portanto, deve acelerar o processo de internacionalização
da Copersucar, ao mesmo tempo em que possibilita à Cargill o retorno à
posição de liderança no setor. Pela complementaridade dos negócios,
analistas destacaram o alto potencial de geração de valor dessa operação
para ambas.
As consequências para o resto do mercado não devem ser tão
positivas, uma vez que a transação transforma duas grandes
comercializadoras rivais em uma nova empresa, de porte ainda maior.
Acordo
A nova empresa será uma joint venture independente de suas duas
controladoras e terá um novo nome, a ser anunciado quando a transação
for concluída.
Pelo acordo, cada empresa terá fatia de 50% na nova empresa. A expectativa é que elas entrem em operação neste semestre.
As atividades de trading serão sediadas em Genebra, na Suíça. A
joint venture terá escritórios em Hong Kong, São Paulo, Miami, Delhi,
Moscou, Jacarta, Xangai, Bangkok e Dubai.
Os negócios de etanol e os ativos fixos das duas empresas, como
terminais e usinas, não farão parte da transação. Segundo comunicado
divulgado quando o negócio foi anunciado, em março, essas atividades
continuarão sendo negócios separados, individualmente controlados pela
Cargill e Copersucar.
"A joint venture consolidará a capacidade de ambas as empresas,
visando aumentar a eficiência, a qualidade e os serviços na cadeia
produtiva de açúcar, além de alavancar um profundo conhecimento do
mercado mundial para beneficiar nossos clientes", disseram as companhias
no comunicado de março.
Diretoria
Ivo Sarjanovic, que atualmente lidera o negócio global de açúcar da
Cargill, será indicado como presidente-executivo (CEO), assim que a nova
empresa for constituída. Soren Hoed Jensen, diretor-executivo comercial
da Copersucar, será o diretor de operações (COO).
Já Stefano Tonti, atual controller global dos negócios de trading e
açúcar da Cargill, será o diretor financeiro (CFO) e Luis Roberto
Pogetti, que preside o Conselho de Administração da Copersucar, será o
primeiro presidente rotativo do Conselho de Administração da nova
sociedade.