Agronegócio Paranaense Vive Virada e Deve Atingir R$ 200 Bi em Valor de Produção

O Valor Bruto da Produção (VBP) agropecuária do Paraná deve ultrapassar a marca de R$ 200 bilhões em 2025, conforme aponta o novo Boletim de Conjuntura Agropecuária divulgado pelo Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab). A projeção, apresentada nesta quinta-feira (11), revela um cenário de franca recuperação após um ciclo marcado por perdas severas na safra 2023/24, quando eventos climáticos limitaram o desempenho de diversas culturas.

A expectativa positiva para 2025 não surge ao acaso. Conforme o Deral, os dados já consolidados indicam que a forte recuperação das lavouras paranaenses em 2025 é o principal motor do avanço do VBP, acompanhada pelo desempenho crescente da pecuária e por uma reorganização consistente do mercado agrícola estadual. Embora o levantamento completo inclua mais de 300 itens e ainda esteja em processo de finalização, cerca de 70% das cadeias produtivas já analisadas mostram resultados suficientes para projetar crescimento sólido.

A virada de cenário é um dos pontos centrais do boletim. Depois de enfrentar uma das quebras mais significativas da década devido às condições climáticas adversas da safra 2023/24, o Paraná entrou em 2025 com condições mais favoráveis de plantio e desenvolvimento das culturas de verão e inverno. O Deral destaca que na safra 2024/25 o cenário se inverteu, com ganhos significativos em produtividade e estabilidade nos preços de importantes commodities.

As culturas já monitoradas somam uma recuperação estimada em R$ 10 bilhões, totalizando mais de R$ 81 bilhões dentro do conjunto analisado até o momento. Essa retomada é resultado direto da melhora nas janelas de plantio, da regularidade no regime de chuvas e da maior eficiência no manejo adotado pelos produtores rurais.

Entre os setores que mais impulsionam o crescimento previsto para 2025 estão dois pilares do agronegócio paranaense: a soja e o milho de segunda safra. As duas culturas apresentam desempenhos robustos no ciclo atual.

A soja registra aumento produtivo estimado em 14%. O milho safrinha apresenta crescimento de 35%. Ambos mantêm preços estáveis no período avaliado, o que reforça a tendência de expansão real do VBP agrícola. Ainda que algumas cadeias apresentem retração de preços, como parte dos grãos e olerícolas, o volume maior produzido tende a compensar as oscilações, gerando aumento no valor final.

A soja se mantém como uma das bases econômicas do setor produtivo, abastecendo tanto o mercado interno quanto as exportações. Já o milho de segunda safra se reforça como elemento essencial para a cadeia de proteína animal e para a formação de estoques industriais.

Outro destaque do relatório é a pecuária, que apresenta tendência de crescimento vigoroso em 2025. Segundo o boletim, frango, bovinos, suínos, leite e ovos devem movimentar aproximadamente R$ 66 bilhões, o que representa alta superior a 10% em comparação com 2024.

Apesar de uma retração inicial nos abates de bovinos, o desempenho positivo das demais espécies sustenta a curva de crescimento do setor. Uma das projeções mais relevantes é a valorização do boi gordo, com expectativa de alta mínima de 20% no preço médio anual. O leite também merece atenção, já que deve encerrar 2025 com preço superior ao registrado no ano anterior. Esse movimento reflete demanda crescente, ajustes no mercado e custos de produção mais equilibrados.

O boletim também analisa as projeções para o setor florestal, que tradicionalmente representa entre 4% e 5% do VBP estadual. Mesmo com impactos das medidas tarifárias aplicadas pelos Estados Unidos, que impedem uma definição precisa do desempenho final, as cotações médias dos produtos de serraria e laminação estão superiores às de 2024. Isso ajuda a consolidar o avanço do VBP como um todo.

O setor de frutas também apresenta resultados positivos. Algumas culturas tiveram oscilação na produção, mas o aumento nos preços médios compensa e contribui para o movimento de crescimento geral da agropecuária paranaense. Esse comportamento evidencia a força da demanda interna, especialmente em mercados regionais.

O Deral explica que a consolidação completa dos dados do VBP depende da definição dos preços médios de centenas de produtos que ainda estão em fase de comercialização. Por isso, a divulgação final está programada para o primeiro semestre de 2026. Mesmo assim, o conjunto parcial já aponta claramente para um dos melhores desempenhos da história recente da agropecuária paranaense.

Com soja e milho liderando a recuperação, pecuária em expansão, fruticultura em valorização e estabilidade no setor florestal, o Paraná se firma novamente como um dos principais motores da produção agropecuária do Brasil. O avanço projetado para 2025 reafirma a importância estratégica do estado no cenário nacional, especialmente em um momento em que o país busca ampliar produtividade, competitividade e sustentabilidade no campo.