O mercado do arroz em casca no Rio Grande do Sul atravessa um momento de transição. Após semanas de recuos mais intensos, a queda nos preços do arroz diminuiu de ritmo, trazendo um cenário de maior estabilidade — embora ainda marcado pela cautela entre vendedores e compradores. Segundo dados do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), a tendência de baixa permanece, mas com menor intensidade, o que indica uma possível mudança no comportamento dos agentes de mercado nas próximas semanas.
A principal razão para essa postura mais retraída dos vendedores é a expectativa por intervenções oficiais do governo, como a realização de novos leilões ou medidas de suporte ao setor. Muitos produtores e agentes do mercado spot estão afastados das negociações justamente para observar qual será a movimentação do Ministério da Agricultura e demais órgãos responsáveis. Esse comportamento acaba reduzindo a liquidez e reforçando o clima de cautela no setor.
Produtores focam na reta final da semeadura da nova safraAlém da atenção às possíveis medidas públicas, os produtores de arroz no Rio Grande do Sul estão, neste momento, altamente concentrados na semeadura da safra 2024/25. De acordo com dados do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), divulgados em 13 de novembro, 86,31% da área prevista já foi cultivada, o que coloca o Estado na reta final dos trabalhos de campo.
Esse avanço do plantio reforça um ritmo típico do período, mas também contribui para a menor presença de produtores nas negociações. Com prioridades voltadas à conclusão da safra, muitos optam por aguardar antes de ampliar sua participação no mercado físico, especialmente diante de preços em queda.
Demanda segue dividida entre reposição e busca por estoquesNo lado da demanda, o comportamento é considerado misto pelos analistas. Parte dos compradores está atuando apenas para manter um fluxo mínimo de reposição de estoques, sem grandes volumes. No entanto, outra parcela vem oferecendo valores mais elevados em algumas regiões, com o objetivo de garantir produto em um momento de retração da oferta imediata, causada justamente pelo foco no plantio.
De acordo com o Cepea, esses movimentos localizados podem gerar uma leve pressão de alta no curto prazo, caso se intensifiquem. Porém, até o momento, esse cenário ainda é incipiente e não altera o quadro geral de estabilidade com viés de baixa.
Oferta nacional revisada, mas sem risco para o abastecimentoMesmo com ajustes recentes que reduziram as estimativas de oferta nacional, especialistas afirmam que não há risco para o abastecimento interno. A disponibilidade de arroz no Brasil deve permanecer estável ao longo dos próximos meses, mesmo com a revisão dos números de produção.
Esse equilíbrio ajuda a conter movimentos bruscos nos preços e reforça a percepção de que, embora o mercado esteja sensível a fatores climáticos, custos de produção e decisões governamentais, a disponibilidade de arroz no mercado doméstico continua segura.
Cenário internacional permanece estável e evita pressões adicionaisNo panorama global, a previsão para a temporada 2025/26 indica uma oferta semelhante à da safra 2024/25, segundo instituições internacionais. Com isso, o comércio mundial continua relativamente equilibrado, reduzindo a influência de choques externos sobre os preços praticados no Brasil.
Esse fator internacional tem sido importante para evitar volatilidade mais intensa no mercado nacional, especialmente neste período de transição entre safras.
Mercado entra em período de espera por definições oficiaisCom o plantio praticamente concluído, a oferta nacional ajustada e a demanda oscilando entre reposição e formação de estoques, o mercado do arroz no Rio Grande do Sul entra em um período de observação. A definição de eventuais ações governamentais e a consolidação dos dados finais de safra serão fundamentais para orientar o comportamento dos preços nos próximos meses.
Enquanto isso, vendedores, compradores e produtores permanecem atentos tanto ao cenário interno quanto ao externo, em busca de sinais que indiquem os próximos movimentos do mercado.