Os temporais registrados no primeiro fim de semana de novembro provocaram impactos significativos nas lavouras de soja e milho no Paraná, segundo o Boletim de Conjuntura Agropecuária divulgado nesta quinta-feira (6) pelo Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento (Seab). As chuvas intensas vieram acompanhadas de vendavais, enxurradas e episódios de granizo, afetando diretamente áreas produtivas e gerando preocupação entre produtores rurais e técnicos agrícolas.
De acordo com relatório da Defesa Civil, datado de 05/11/2025, ao menos 40 municípios paranaenses registraram danos estruturais em áreas urbanas. Embora parte dessas ocorrências esteja documentada principalmente nas cidades, o boletim do Deral destaca que o impacto no meio rural é uma realidade, especialmente em regiões onde a agricultura é a principal atividade econômica. Nessas localidades, foram plantados na primeira safra de 2024 um total de 859,8 mil hectares de soja e milho, dos quais 854,4 mil hectares correspondem somente à cultura da soja, reforçando a importância da commodity para o estado.
Mudanças observadas nas condições das lavourasO relatório semanal das condições de lavoura da soja já apresenta sinais claros da influência desses eventos climáticos. O Deral aponta que 31 mil hectares passaram a ser classificados em condição ruim, enquanto na semana anterior esse número era zero. Além disso, houve um avanço significativo das áreas em condição mediana, que saltaram de 122 mil hectares para 280 mil hectares, representando um aumento de 157 mil hectares.
Mesmo com a piora observada, a maior parte da área cultivada com soja no Paraná permanece em situação favorável. Dados do boletim mostram que cerca de 4,3 milhões de hectares, ou 93% do total semeado, continuam classificados em condição boa. No entanto, a evolução do quadro climático nas próximas semanas será determinante para o desempenho final da safra.
Possibilidade de perdas e replantioA avaliação técnica do Deral é clara ao indicar que a piora nas condições das lavouras está diretamente relacionada aos temporais. Em algumas áreas mais atingidas, há possibilidade de danos severos e até perda total de trechos plantados. Nesses casos, o produtor pode ter que recorrer ao seguro agrícola, se contratado, ou optar pelo replantio.
Embora o replantio ainda seja possível dentro do período recomendado, essa alternativa pode gerar um efeito cascata sobre o planejamento da segunda safra, popularmente conhecida como safrinha. Caso o agricultor precisasse plantar milho após a colheita da soja, o atraso pode comprometer a viabilidade da cultura. Nesse cenário, muitos produtores podem ser forçados a substituir o milho por outras culturas mais tolerantes ao calendário tardio, como feijão ou sorgo, o que impacta diretamente a dinâmica de mercado regional.
Impacto no mercado e na economia agrícola do ParanáO Paraná é um dos principais produtores de soja do Brasil e, consequentemente, do mundo. Qualquer variação significativa no desempenho das lavouras do estado repercute no mercado interno, influenciando preços, oferta de grãos e custos logísticos. Além disso, o risco climático reforça a importância de políticas de manejo, seguro rural e estratégias de prevenção.
Os eventos climáticos extremos, como os registrados neste mês, têm se tornado mais frequentes segundo observações técnicas e relatos de campo. Para especialistas, isso reforça a necessidade de agricultores adotarem práticas de gestão de risco climático, como diversificação de culturas, uso de sementes mais resistentes e acompanhamento constante de previsões meteorológicas.
Com boa parte da safra ainda em desenvolvimento, a situação exige cautela e monitoramento contínuo. Embora a maioria das lavouras de soja no Paraná ainda esteja em condições favoráveis, os efeitos dos temporais podem se intensificar caso novas chuvas severas ocorram. O Deral segue acompanhando a evolução das lavouras e deve atualizar os dados nas próximas semanas, trazendo mais clareza sobre o impacto final na produção.