A aplicação de defensivos agrícolas no Brasil deve registrar um crescimento de 3,4% em 2025, ultrapassando a marca de 2,6 bilhões de hectares tratados, segundo levantamento do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para a Defesa Vegetal (Sindiveg). O aumento reflete a maior pressão de pragas e doenças nas principais lavouras do país, especialmente em cultivos de soja e milho, que exigem manejos mais intensivos e frequentes ao longo do ciclo produtivo.
Esse avanço é medido pela Área Potencialmente Tratada (PAT) — indicador que leva em conta não apenas a extensão cultivada, mas também o número de aplicações e os diferentes produtos utilizados em cada manejo. O método oferece uma visão mais realista da dinâmica do setor, sobretudo em anos de desafios fitossanitários, como o que se projeta para 2025.
Herbicidas dominam o mercado e soja segue protagonistaDe acordo com o levantamento, o volume total de defensivos aplicados também deve aumentar 4,9% em relação a 2024. Entre as categorias, os herbicidas continuam sendo os mais utilizados, respondendo por 45% do total, seguidos por fungicidas (24%) e inseticidas (23%).
Os tratamentos de sementes representam cerca de 1%, enquanto os demais produtos, como adjuvantes e inoculantes, somam 7%.
No recorte por cultura, a soja mantém sua posição dominante, concentrando 55% da PAT nacional, reforçando o peso dessa oleaginosa no agronegócio brasileiro. Em segundo lugar aparece o milho, com 18%, seguido pelo algodão, que representa 8%. Pastagens, cana-de-açúcar, trigo, feijão, arroz, hortifrutis e café completam o ranking das principais culturas que demandam aplicações de defensivos.
Centro-Oeste lidera uso de defensivos agrícolasRegionalmente, o Centro-Oeste se consolida como a principal região em uso de defensivos agrícolas no país. Mato Grosso e Rondônia, juntos, representam 32% da área tratada nacionalmente. Essa liderança é explicada pela forte presença de culturas de larga escala, especialmente soja, milho e algodão — pilares da economia agropecuária regional.
A região BAMATOPIPA (Bahia, Maranhão, Tocantins, Piauí e Pará) aparece em segundo lugar, com 18% da área tratada. Em seguida vêm São Paulo e Minas Gerais, com 13%, e o Sul do país (Rio Grande do Sul e Santa Catarina), com 10%. O Paraná responde por 9%, enquanto Goiás e o Distrito Federal completam o panorama com 8%.
Essa distribuição reforça o peso das fronteiras agrícolas do Cerrado brasileiro, que concentram grande parte da expansão produtiva e do uso de tecnologias de proteção vegetal.
Pressão de pragas eleva custos e desafia sustentabilidadeO aumento das aplicações acende um alerta para o manejo de resistência e o controle sustentável. A intensificação do uso de defensivos está ligada à alta pressão de pragas e doenças, que vêm se adaptando rapidamente às condições ambientais e às estratégias de manejo tradicionais.
Fatores climáticos, como períodos de calor e umidade prolongados, favorecem a disseminação de doenças fúngicas e pragas sugadoras, exigindo mais aplicações ao longo do ciclo produtivo. Isso tem impacto direto sobre os custos de produção, pressionando as margens dos agricultores e reforçando a necessidade de planejamento integrado e uso racional dos insumos.
Especialistas alertam que a dependência crescente de produtos químicos pode comprometer o equilíbrio ambiental e aumentar a resistência de pragas a longo prazo. Por isso, cresce a busca por soluções biológicas, manejo integrado de pragas (MIP) e tecnologias que conciliem produtividade e sustentabilidade.
Expectativas para 2025: equilíbrio entre produtividade e sustentabilidadeA expectativa para 2025 é de que o Brasil mantenha o ritmo de crescimento na aplicação de defensivos agrícolas, impulsionado pelas grandes culturas de soja e milho. O foco do setor, no entanto, deverá se voltar cada vez mais para a eficiência no controle e para a redução de impactos ambientais, buscando um equilíbrio entre produtividade, rentabilidade e sustentabilidade.
O mercado aguarda ainda definições regulatórias e possíveis ajustes de mercado que poderão influenciar o ritmo das aplicações ao longo do ano. A adoção de tecnologias de precisão e o uso de dados climáticos e genéticos tendem a ganhar força como aliados no manejo mais estratégico das lavouras brasileiras.