Paraná domina o mercado de camomila e movimenta R$ 15 milhões com a força da agricultura familiar

O Paraná consolida sua posição como o maior produtor de camomila do Brasil, movimentando R$ 15 milhões em 2024 com a colheita de 1,1 mil toneladas distribuídas em 2,3 mil hectares cultivados. Os números foram divulgados no Boletim Conjuntural da Agropecuária, elaborado pelo Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento (Seab), e destacam o protagonismo do estado na cadeia produtiva de plantas medicinais e aromáticas.

A cultura, de alta relevância socioeconômica, está concentrada principalmente nos municípios de Mandirituba, São José dos Pinhais e Contenda, na Região Metropolitana de Curitiba, que juntos respondem por mais de 70% da produção estadual. Com predominância da agricultura familiar, a camomila paranaense representa uma fonte importante de renda e geração de emprego para pequenos produtores, reforçando o papel da diversificação produtiva dentro do agronegócio estadual.

Embora a escala de produção seja modesta se comparada a culturas como soja e milho, a camomila tem se mostrado uma potência local, especialmente pelo valor agregado na transformação industrial e pelo potencial de exportação. A colheita da safra 2025 já foi concluída, e a comercialização ocorre de forma contínua, acompanhando a demanda de indústrias farmacêuticas, cosméticas e de produtos naturais no mercado interno e externo.

O Paraná tem sido referência na organização produtiva e no apoio técnico aos agricultores familiares que investem em culturas alternativas. De acordo com o Deral, essa estruturação tem sido essencial para fortalecer cadeias de nicho e gerar oportunidades sustentáveis, com foco em qualidade, rastreabilidade e valor agregado.

O Boletim Conjuntural também trouxe boas notícias para outras cadeias produtivas do estado. O plantio da soja 2025/26 atingiu 52% da área prevista, que totaliza 5,77 milhões de hectares, impulsionado pelas chuvas das últimas semanas. Já o milho da primeira safra está praticamente concluído, com 94% da área de 333 mil hectares semeada e lavouras em boas condições. Esses resultados consolidam o Paraná como um dos principais polos agrícolas do país, combinando culturas tradicionais com produções de alto valor agregado, como a camomila e a erva-mate.

A fruticultura paranaense também vem apresentando resultados expressivos. Em 2024, o setor movimentou R$ 3,9 bilhões em Valor Bruto da Produção (VBP), com 1,3 milhão de toneladas colhidas em 53,8 mil hectares. A citricultura lidera o segmento, representando 39% do valor total da atividade, seguida por culturas como laranja, morango, uva, goiaba e banana, que juntas concentraram mais de 70% do VBP estadual.

Outro destaque é a erva-mate, símbolo cultural e econômico do Paraná. Em 2024, o cultivo registrou R$ 1,2 bilhão em VBP, representando 0,67% da agricultura estadual. Nos municípios de Cruz Machado, São Mateus do Sul e Bituruna, a erva-mate responde por até 25% da riqueza agrícola local, evidenciando sua importância histórica e social, principalmente para comunidades do Sul do Estado.

A suinocultura paranaense também se mantém competitiva. Segundo a Embrapa Suínos e Aves, o custo médio de produção subiu 0,7% em setembro, chegando a R$ 5,77 por quilo vivo. Mesmo com o aumento, o Paraná segue com o segundo menor custo entre os principais estados produtores, o que reforça sua eficiência produtiva.

Já o mercado de carne bovina registrou recorde histórico de exportações. Em setembro, o estado embarcou 348 mil toneladas, um aumento de 15% em relação ao acumulado de 2024, impulsionado pela forte demanda da China e de Hong Kong. A expectativa é que as festas de fim de ano sustentem o consumo interno e mantenham os preços em patamares favoráveis aos produtores.

Com culturas diversificadas, forte presença da agricultura familiar e uma gestão eficiente da produção, o Paraná se consolida como um dos estados mais dinâmicos do agronegócio brasileiro. A produção de camomila, em especial, simboliza o equilíbrio entre tradição e inovação, mostrando que mesmo pequenas cadeias produtivas podem gerar grande impacto econômico e social.

O crescimento contínuo da cadeia de plantas medicinais e aromáticas, aliado ao desempenho das culturas de soja, milho, frutas, erva-mate e proteína animal, reforça o papel do Paraná como potência agroindustrial, com resultados que unem produtividade, sustentabilidade e valorização do campo.