A Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) divulgou nesta quarta-feira (23) sua primeira projeção para o ciclo de 2026 e trouxe perspectivas positivas para o agronegócio brasileiro. Segundo a entidade, a receita com as exportações de soja, farelo e óleo deverá alcançar US$ 55,26 bilhões (cerca de R$ 55,3 bilhões) no próximo ano — um aumento de aproximadamente US$ 5 bilhões em relação a 2025.

O resultado será impulsionado tanto pelo aumento dos volumes embarcados quanto pelos preços mais altos dos produtos. O setor, que é o principal responsável pela geração de divisas do país, segue firme na liderança entre os complexos exportadores do agronegócio nacional.

Soja em grão puxará o crescimento

De acordo com a Abiove, o principal motor desse avanço será a exportação de soja em grão, que deve gerar US$ 46,07 bilhões em 2026, contra US$ 41,6 bilhões estimados para 2025.

Em termos de volume, o Brasil deverá exportar 111 milhões de toneladas de soja, um crescimento de 1,4% sobre o ciclo anterior. O aumento ocorre em um contexto de ampliação da participação brasileira nas importações da China, impulsionado pela disputa tarifária entre o país asiático e os Estados Unidos.

Essa conjuntura reforça a posição do Brasil como o maior produtor e exportador global de soja, consolidando sua relevância estratégica no mercado mundial de commodities agrícolas.

Safra recorde reforça o otimismo do setor

A produção total de soja no Brasil deve atingir 178,5 milhões de toneladas em 2026, alta de 3,9% em relação a 2025, segundo as estimativas da Abiove. Caso o número se confirme, será uma nova safra recorde para o país.

O cenário é resultado do avanço tecnológico no campo, da ampliação das áreas plantadas e da boa expectativa climática para o próximo ciclo. Produtores de diversas regiões ainda estão em fase de plantio da safra 2025/26, mas os primeiros relatos indicam condições favoráveis de solo e clima.

Apesar do aumento expressivo na oferta, os preços médios da soja exportada também devem subir. A Abiove projeta uma cotação de US$ 415 por tonelada em 2026, acima dos US$ 380 por tonelada previstos para 2025. O aumento reflete uma demanda global aquecida e estoques mais ajustados em importantes países consumidores.

Receitas crescem, mas ficam abaixo do recorde de 2023

Mesmo com as perspectivas positivas, o faturamento do complexo soja em 2026 não deve superar o recorde histórico de 2023, quando o Brasil exportou US$ 67,3 bilhões em grão, farelo e óleo. Naquele ano, os preços internacionais estavam muito acima dos patamares atuais, com média de US$ 520 por tonelada.

Ainda assim, a Abiove destaca que o crescimento sustentado do setor garante estabilidade ao saldo comercial brasileiro e contribui de forma significativa para o superávit da balança comercial.

A cadeia da soja, composta por milhares de produtores rurais, cooperativas e indústrias, é uma das que mais geram emprego, renda e arrecadação de impostos no país. A valorização do grão impacta positivamente toda a economia, principalmente nas regiões Centro-Oeste e Sul, que concentram grande parte da produção nacional.

Brasil amplia protagonismo no mercado global

O desempenho brasileiro é acompanhado de perto por importadores internacionais. A China, maior compradora da soja brasileira, segue aumentando seus volumes de importação devido à necessidade de ração animal e à busca por fornecedores mais estáveis frente às tensões comerciais com os Estados Unidos.

Além da China, outros destinos importantes, como União Europeia, Tailândia e Indonésia, também ampliam suas compras do farelo e óleo de soja brasileiros, produtos com alto valor agregado e forte presença no mercado global de alimentos e biocombustíveis.

Com uma safra recorde, preços em alta e uma demanda internacional aquecida, o Brasil se consolida cada vez mais como potência mundial da soja, reforçando sua importância estratégica para a segurança alimentar global e para a sustentabilidade econômica do agronegócio nacional.

Perspectivas para 2026

As projeções da Abiove indicam que o complexo soja continuará sendo o carro-chefe das exportações brasileiras em 2026, mantendo o país na liderança mundial do setor. A tendência é de que o avanço tecnológico, o uso racional de insumos e a expansão sustentável das lavouras garantam a competitividade da produção brasileira frente aos demais players globais.

Se confirmadas as estimativas, 2026 será um ano de crescimento robusto para o agronegócio, reafirmando o papel da soja como pilar essencial da economia do Brasil.