O Brasil caminha para alcançar um novo recorde histórico na produção de grãos. Segundo o primeiro levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para a safra 2025/26, a estimativa é de 354,7 milhões de toneladas, o que representa crescimento de 0,8% em relação à safra anterior. Esse avanço confirma o início de mais um ciclo de expansão agrícola, impulsionado especialmente pela soja e pelo milho, pilares da produção nacional.
Além do aumento no volume total, a área semeada também deve crescer 3,3%, chegando a 84,4 milhões de hectares, refletindo o otimismo dos produtores e a adoção de novas tecnologias no campo. As boas condições climáticas observadas em setembro, especialmente nas regiões Centro-Oeste e Sul, favoreceram o início do plantio, 11,1% da área já está semeada, superando o desempenho do mesmo período em 2024.
Soja: líder absoluta e motor das exportaçõesA soja segue como carro-chefe da agricultura brasileira, com 49,1 milhões de hectares destinados ao cultivo — um aumento de 3,6% sobre o ciclo anterior. A produção estimada é de 177,6 milhões de toneladas, consolidando o Brasil como maior exportador mundial da oleaginosa.
O mercado externo deve continuar aquecido, com exportações projetadas em mais de 112 milhões de toneladas, especialmente para China, Europa e Índia. No mercado interno, a demanda também cresce, impulsionada pela produção de biodiesel e pela indústria de proteína vegetal, o que deve elevar o consumo doméstico para 59,5 milhões de toneladas até 2026.
Milho: crescimento impulsionado pelo etanolO milho também mantém protagonismo, com previsão de 22,7 milhões de hectares cultivados e produção total de 138,6 milhões de toneladas considerando as três safras anuais. A primeira safra deve crescer 6,1% em área e 2,8% em volume, sustentada por bons preços e pela expansão da produção de etanol de milho, especialmente em Mato Grosso e Goiás.
A exportação de milho deve saltar de 40 milhões para 46,5 milhões de toneladas, enquanto o consumo interno sobe para 94,5 milhões de toneladas, acompanhando o avanço do setor pecuário e de biocombustíveis. Segundo a Conab, os estoques de passagem devem permanecer estáveis, garantindo equilíbrio entre oferta e demanda.
Outras culturas: estabilidade e ajustes regionaisO arroz deve registrar queda de 5,6% na área plantada, limitada a 1,66 milhão de hectares, resultando em 11,5 milhões de toneladas colhidas. Mesmo com retração na produção irrigada (-3,7%) e de sequeiro (-12,5%), o Brasil deve aumentar as exportações para 2,1 milhões de toneladas, frente a 1,6 milhão na safra passada.
O feijão tende à estabilidade, com 3 milhões de toneladas previstas nas três colheitas anuais. A primeira safra deve recuar 7,5% em área, totalizando 840 mil hectares, mas compensações em outras etapas devem manter o volume total.
Já o trigo e demais culturas de inverno enfrentam cenário mais desafiador. Com 40% da área já colhida, a produção de 7,7 milhões de toneladas deve ficar 2,4% abaixo da anterior, impactada pela redução de quase 20% na área cultivada, reflexo das condições menos favoráveis de clima e mercado.
Distribuição regional e influência climáticaO levantamento da Conab mostra uma produção equilibrada entre as regiões do país, com o Centro-Oeste mantendo a liderança — responsável por cerca de metade da colheita nacional — seguido pela Região Sul, que deve se recuperar das perdas registradas em 2024.
O Nordeste também se destaca, com aumento de 5% na área cultivada, impulsionado pela região do Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), onde o avanço tecnológico e a expansão de fronteiras agrícolas continuam em ritmo acelerado.
Do ponto de vista climático, chuvas acima de 120 mm no oeste da Região Norte e em parte do Sul favoreceram o plantio inicial. No Centro-Oeste, embora as precipitações tenham ficado abaixo da média, foram suficientes para garantir o início da semeadura da soja.
Para o trimestre outubro-novembro-dezembro de 2025, o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) prevê chuvas acima da média no Norte e Nordeste e redução leve no Sul, influenciadas pela formação do fenômeno La Niña, confirmada pelo Instituto Internacional de Pesquisa em Clima (IRI).
Projeções e importância econômicaCom a projeção de 354,7 milhões de toneladas, o Brasil reafirma seu protagonismo global na produção e exportação de alimentos, consolidando-se como uma potência do agronegócio.
Segundo o presidente da Conab, João Edegar Pretto, os dados comprovam “a força e a capacidade de adaptação do produtor brasileiro, mesmo diante de desafios climáticos e de mercado”. O crescimento da área plantada e o uso de tecnologias de precisão, rotação de culturas e manejo sustentável reforçam o compromisso com a produtividade e a sustentabilidade.
A nova safra marca, portanto, o início de um ciclo promissor, em que o Brasil amplia sua competitividade e reafirma o papel estratégico do campo na economia nacional e mundial.