O mercado pecuário brasileiro iniciou o mês de outubro com importantes movimentações nas cotações do boi gordo, vaca e novilha, de acordo com o informativo Tem Boi na Linha, divulgado nesta quinta-feira (2) pela Scot Consultoria. Os destaques ficaram para o avanço dos preços em São Paulo e para a valorização da novilha no Norte de Mato Grosso, apesar de um cenário nacional ainda marcado por oferta elevada e escoamento lento da carne bovina.
Alta do boi gordo e da novilha em São PauloEm São Paulo, o boi gordo apresentou valorização de R$ 1,00 por arroba, enquanto a novilha registrou ganho ainda mais expressivo, com alta de R$ 2,00/@. Já a vaca e o chamado “boi China” não tiveram alterações relevantes na comparação diária.
O relatório da Scot destacou que, apesar do movimento positivo, o mercado paulista ainda mostra sinais de pressão vendedora:
“O cenário ainda era de mercado bem oferecido em grande parte do estado, com presença significativa de bovinos de confinamento nas escalas de abate dos frigoríficos e com escoamento de carne bovina ainda morosa”, destacou a consultoria.
Mesmo com essa oferta consistente, algumas praças monitoradas já apresentam sinais de menor disponibilidade de animais e maior cautela por parte dos pecuaristas. Essa mudança de postura tem favorecido ajustes positivos nas cotações. As escalas de abate em São Paulo atendem, em média, a dez dias úteis, um patamar considerado confortável pelos frigoríficos.
Cenário em Mato Grosso: alta da novilha no Norte e quedas pontuais em outras regiõesEm Mato Grosso, as condições das pastagens registraram recuperação com o retorno das chuvas. Caso o regime pluviométrico siga favorável, a tendência é de melhora na capacidade de suporte, o que pode reduzir a pressão de venda de bovinos.
No entanto, a oferta ainda é considerada elevada e o ritmo de escoamento da carne bovina continua lento, o que limita avanços generalizados nas cotações.
A análise regional mostrou um quadro heterogêneo:
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Região Norte: estabilidade para boi gordo e vaca, mas a novilha subiu R$ 5,00/@, sinalizando maior procura ou menor disponibilidade desse animal.
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Região Sudoeste: cotações estáveis, sem alterações significativas.
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Cuiabá: boi gordo manteve os preços, mas a vaca recuou R$ 2,00/@ e a novilha caiu R$ 5,00/@.
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Sudeste do estado: todas as categorias apresentaram ajustes, com destaque para a queda de R$ 2,00/@ do boi China.
Esse comportamento misto evidencia que o mercado mato-grossense ainda passa por ajustes, com diferenças regionais importantes, principalmente em função da disponibilidade local de animais e das condições de pasto.
Mercado futuro do boi gordoO mercado futuro também foi destaque nesta semana. O contrato com vencimento em setembro de 2025 (código BGIU25) foi liquidado no último dia 30 na B3 (Bolsa de Valores do Brasil). A arroba encerrou o período cotada a R$ 304,22, segundo dados da própria Bolsa.
Para efeito de comparação, o indicador do Cepea marcou R$ 302,96/@, enquanto a Scot Consultoria registrou R$ 303,05/@. Esses valores próximos indicam um mercado relativamente alinhado entre os diferentes índices de referência, ainda que o ritmo lento de consumo interno siga como obstáculo para novas altas mais consistentes.
Perspectivas para o mercado pecuárioO desempenho recente mostra que o mercado do boi gordo está em fase de equilíbrio entre oferta e demanda. A presença de animais de confinamento ainda garante escalas confortáveis para os frigoríficos, mas a melhora gradual nas condições das pastagens, somada a sinais de menor disponibilidade em algumas regiões, pode sustentar reajustes pontuais nas cotações ao longo das próximas semanas.
Outro ponto de atenção é o mercado externo, especialmente a demanda da China. Embora o “boi China” tenha apresentado estabilidade em São Paulo e queda no Sudeste de Mato Grosso, a expectativa é que eventuais novos lotes de habilitação de frigoríficos ou maior ritmo de exportações possam dar suporte às cotações.
No mercado interno, o desafio segue sendo o consumo de carne bovina, ainda considerado lento. A retomada da renda do consumidor e a competitividade frente às carnes concorrentes, como a de frango e suína, continuam sendo fatores determinantes para o comportamento dos preços no último trimestre de 2025.