Safrinha 2025: Área de milho dispara, mas defensivos agrícolas perdem fôlego no mercado
O setor agrícola brasileiro registrou um cenário contrastante na safra de milho de 2025. Enquanto a área plantada na segunda safra apresentou crescimento expressivo, o mercado de defensivos agrícolas sofreu retração em valores movimentados. O levantamento da Kynetec Brasil apontou queda de 7% no faturamento, que totalizou US$ 2,36 bilhões, influenciado pela redução média de 13% nos preços dos produtos e pela desvalorização de 16% do real frente ao dólar.
Área cultivada cresce e confirma força da safrinhaA área plantada com milho na safrinha avançou 6%, atingindo 16,9 milhões de hectares, segundo a pesquisa FarmTrak Milho 2025. Esse aumento foi favorecido pelo plantio da soja dentro da janela ideal, permitindo melhor aproveitamento do calendário agrícola. Além disso, a demanda crescente por etanol e o bom desempenho das exportações sustentaram a decisão dos produtores em ampliar o cultivo.
Esse resultado reforça a importância da safrinha para o Brasil, que se consolidou como um dos maiores produtores e exportadores de milho do mundo. A expansão da área cultivada confirma a resiliência do setor, mesmo diante de um ambiente econômico desafiador.
Avanço tecnológico e maior intensidade no manejoCom o crescimento da área, houve também aumento da adoção de tecnologias agrícolas, que avançou 11% em relação à safra anterior. Esse movimento elevou o índice de Área Potencialmente Tratada (PAT) em 24%, chegando a 386 milhões de hectares, considerando aplicações e misturas de tanque ao longo do ciclo.
A pressão crescente de pragas, doenças e plantas daninhas resistentes obrigou os produtores a reforçar suas estratégias de manejo fitossanitário. Isso impulsionou o uso de defensivos em nichos específicos e elevou a intensidade das aplicações, mesmo com a queda geral no faturamento.
Desempenho das categorias de defensivosO comportamento das diferentes categorias do mercado de defensivos em 2025 mostrou uma redistribuição de forças:
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Inseticidas foliares: mantiveram liderança, mas com retração no faturamento, que caiu de US$ 1,008 bilhão para US$ 891 milhões.
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Fungicidas foliares: registraram crescimento e alcançaram US$ 500 milhões, superando os herbicidas no ranking da Kynetec.
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Herbicidas: recuaram para US$ 466 milhões.
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Tratamento de sementes: manteve estabilidade em US$ 306 milhões.
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Nematicidas e outros segmentos: representaram 8% do mercado, com US$ 195 milhões.
Em segmentos estratégicos, a área tratada com nematicidas passou de 33% para 44%, cobrindo 7,43 milhões de hectares. Os fungicidas premium responderam por quase metade (49%) dos investimentos no controle de doenças, enquanto os chamados “stroby mix” seguiram como líderes em PAT, com aplicação em 7,1 milhões de hectares.
Outro destaque foi o avanço dos lagarticidas, que passaram de 2,3 para 2,8 aplicações por ciclo e ampliaram sua participação de 20% para 31% em valores. Já nos herbicidas, cresceu a procura por produtos “premium grass” (de 23% para 28%) e de amplo espectro (de 19% para 38%), refletindo a busca por alternativas mais eficazes no controle de plantas invasoras.
Mato Grosso lidera a safrinhaNa divisão regional, o Mato Grosso manteve a liderança absoluta, com 43% da área da segunda safra (7,25 milhões de hectares). O Paraná foi outro destaque, crescendo 14% e alcançando 2,7 milhões de hectares (16% da área total). Já Goiás e Mato Grosso do Sul tiveram participação de 13% cada. Os 15% restantes ficaram distribuídos entre Bahia, Mapitopa (Maranhão, Piauí, Tocantins e Pará), Minas Gerais, São Paulo e Sergipe.
Essa concentração regional reforça a força do Centro-Oeste e do Sul na produção de milho, mas também evidencia a diversificação geográfica da cultura em estados do Nordeste e Sudeste.
Perspectivas e desafiosO balanço da safrinha de milho em 2025 revela um mercado de defensivos em adaptação. A retração de valores não significa queda na relevância do setor, mas sim uma reorganização diante de fatores como volatilidade cambial, maior eficiência de produtos e mudanças no perfil de consumo dos produtores.
O aumento do uso de defensivos premium e o crescimento de categorias específicas demonstram que os agricultores estão priorizando soluções mais eficazes e tecnológicas, mesmo em um ambiente de custos ajustados. A expectativa para os próximos anos é de que a combinação entre expansão da área cultivada, demanda firme por etanol e exportações aquecidas mantenha o milho como um dos principais pilares da agricultura brasileira.
Ao mesmo tempo, a gestão de pragas e doenças resistentes continuará sendo um dos maiores desafios, exigindo inovação contínua e práticas de manejo integradas para garantir produtividade e rentabilidade.