O início da safra de soja 2025/26 no Brasil está marcado por um ritmo mais lento de plantio, em grande parte devido às condições climáticas desfavoráveis. Apesar de alguns episódios de chuva em setembro, a umidade do solo ainda é insuficiente para garantir segurança no avanço da semeadura em regiões estratégicas, como o Centro-Oeste e o Matopiba. Produtores agora observam com cautela os próximos mapas meteorológicos antes de ampliar as operações no campo.
Segundo avaliação divulgada pela EarthDaily nesta quinta-feira (25), os modelos climáticos internacionais GFS (Estados Unidos) e ECMWF (Europa) apontam para chuvas abaixo da média na maior parte do território brasileiro nos próximos dias. A previsão aumenta a preocupação dos agricultores, especialmente em estados como Mato Grosso, Goiás e Mato Grosso do Sul, onde há risco de retorno da seca em áreas que recentemente haviam recebido volumes tímidos de precipitação.
Plantio avança lentamenteAté o final da semana passada, estimativas de consultorias indicavam que apenas 1% da área de soja havia sido plantada no país. O número reflete não apenas o calendário ainda inicial, mas sobretudo a falta de regularidade das chuvas necessárias para consolidar a umidade no solo.
No Mato Grosso, maior produtor nacional, a previsão para os próximos dias é de volumes de chuva abaixo do ideal, o que deve dificultar a recuperação hídrica, mesmo após o retorno das precipitações na segunda quinzena de setembro.
Em Goiás, após algumas chuvas na semana passada, a tendência é de retorno da seca nos próximos 14 dias, segundo a EarthDaily. Esse cenário pode manter o ritmo do plantio desacelerado no início de outubro, período considerado estratégico para garantir o desenvolvimento saudável das lavouras.
Já no Mato Grosso do Sul, os mapas climáticos indicam que a seca deve predominar do centro ao norte do estado. Os volumes de chuva recentes foram insuficientes, e a irregularidade da precipitação pode atrasar ainda mais os trabalhos no campo.
Produtores aguardam janela idealCom o custo elevado da implantação de lavouras e o risco de perdas em caso de replantio, os agricultores brasileiros preferem esperar condições mais estáveis antes de avançar com o plantio em larga escala. A expectativa é que chuvas mais consistentes ocorram nas primeiras semanas de outubro, garantindo segurança para a semeadura.
“Apesar do retorno das precipitações, a irregularidade ainda preocupa. A umidade do solo não se consolidou em diversas regiões, o que deixa o produtor cauteloso”, destacou o boletim da Rural Clima publicado nesta semana.
Safra recorde em jogoMesmo diante das dificuldades iniciais, as projeções para a safra brasileira de soja continuam otimistas. Analistas do mercado esperam novo recorde de produção, caso o regime de chuvas se normalize durante outubro e novembro.
A consultoria Hedgepoint Global Markets, em teleconferência realizada na quarta-feira (24), ressaltou que um outubro mais seco precisa ser monitorado de perto. Isso porque esse mês é considerado crucial para o avanço do plantio e para a definição do potencial produtivo das lavouras.
O Brasil, maior produtor e exportador global de soja, desempenha papel estratégico no abastecimento mundial. Uma safra cheia em 2025/26 pode reforçar a competitividade do país nos mercados internacionais, especialmente diante da demanda firme da China, principal compradora do grão brasileiro.
Clima irregular desafia calendário agrícolaNeste início de primavera, a tendência é que as chuvas se mantenham irregulares nas principais regiões produtoras de grãos. Esse padrão climático exige maior planejamento dos produtores, que precisam conciliar o risco climático com os custos crescentes de insumos e logística.
No Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), polo emergente da produção agrícola, as previsões ainda são incertas, mas alguns mapas indicam que as chuvas podem se concentrar um pouco mais do que no Centro-Oeste. Isso pode favorecer o início da semeadura em algumas áreas, embora a irregularidade continue sendo um fator de risco.
Perspectivas para as próximas semanasOs próximos 15 dias serão decisivos para definir o ritmo do plantio da soja no Brasil. Caso as chuvas se consolidem, é possível que os trabalhos ganhem velocidade e o país mantenha o cronograma esperado para alcançar uma safra recorde.
Por outro lado, se as previsões de seca em Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul se confirmarem, os produtores podem ser obrigados a adiar ainda mais a semeadura, o que encurtaria a janela de cultivo e poderia impactar o desenvolvimento das lavouras.