Falta de chuvas reduz área plantada de feijão em Minas Gerais, mas produtividade surpreende, aponta Conab
A safra de feijão em Minas Gerais enfrentou importantes desafios em 2024/25, especialmente em função da falta de chuvas no período considerado ideal para o plantio. De acordo com o 12º Levantamento da Safra de Grãos da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), divulgado recentemente, houve retração na área cultivada do feijão-comum cores no estado. Apesar disso, o resultado final mostrou ganhos relevantes em produtividade, graças a condições climáticas mais favoráveis nos meses seguintes.
Segundo a Conab, a colheita do feijão foi concluída em agosto, com destaque para as áreas mais tardias localizadas no Noroeste e no Triângulo Mineiro. O relatório detalha que “nesta safra houve uma retração na área cultivada devido à escassez de chuvas no período ideal de plantio, aos baixos preços do produto no mercado e às dificuldades de controle da mosca-branca”. Esses três fatores juntos reduziram o ânimo de muitos produtores, que optaram por diminuir a extensão plantada.
Impacto do clima no cultivo de feijão em Minas GeraisO levantamento aponta que o ciclo da safra foi mais tardio do que em 2023, sobretudo em razão da falta de chuvas entre fevereiro e meados de março, período considerado crucial para o plantio do feijão. Essa irregularidade pluviométrica trouxe preocupações iniciais quanto à produtividade e à qualidade da colheita.
Contudo, após as dificuldades do início do ciclo, o clima apresentou comportamento mais favorável. Entre o fim de março e o mês de abril, as chuvas retornaram em volumes suficientes e as temperaturas se mantiveram dentro da normalidade, garantindo melhor desenvolvimento vegetativo das lavouras. Isso resultou em uma produtividade média superior à registrada na safra anterior, o que ajudou a compensar parcialmente a redução da área cultivada.
Mosca-branca e preços baixos desanimam produtoresAlém da irregularidade climática, outro desafio enfrentado pelos agricultores foi o ataque da mosca-branca, praga que vem preocupando produtores de diversas regiões brasileiras. O inseto pode comprometer a sanidade da lavoura e reduzir a produtividade. Em Minas Gerais, o problema exigiu maior controle fitossanitário, elevando custos de produção em um cenário de preços pouco atrativos.
De fato, os valores pagos pelo feijão no mercado interno foram considerados baixos no início do ciclo, o que desestimulou o investimento em insumos e até mesmo a decisão de ampliar a área cultivada. Essa combinação de preços e custos acabou resultando em retração da safra no estado.
Produção de feijão em Minas Gerais e relevância nacionalApesar dos desafios, Minas Gerais segue como um dos principais estados produtores de feijão no Brasil, sendo responsável por abastecer tanto o mercado interno quanto outros estados consumidores. O grão é parte essencial da dieta dos brasileiros, compondo a tradicional mistura com arroz, e seu cultivo tem forte impacto na segurança alimentar e na renda de milhares de agricultores mineiros.
Segundo a Conab, mesmo com a retração na área plantada em 2024/25, a boa produtividade obtida ao longo do ciclo ajudou a equilibrar os números finais da produção. Para especialistas do setor, isso reforça a importância de políticas públicas de apoio à agricultura, que permitam aos produtores enfrentar adversidades climáticas e de mercado.
Perspectivas para a próxima safraO desempenho desta safra serve como alerta para o futuro. Se, por um lado, a produtividade mostrou potencial de crescimento quando há condições adequadas de clima, por outro, a dependência das chuvas em Minas Gerais continua sendo um fator crítico. A ausência de sistemas de irrigação em algumas regiões produtoras também aumenta a vulnerabilidade do cultivo.
A expectativa para os próximos ciclos agrícolas é de que produtores busquem estratégias de mitigação de riscos, como diversificação de culturas, adoção de tecnologias de monitoramento climático e investimentos em irrigação. Além disso, o comportamento dos preços do feijão no mercado será determinante para definir o tamanho da área cultivada em 2025.
A safra de feijão em Minas Gerais no ciclo 2024/25 foi marcada por contrastes: se a falta de chuvas no início e os baixos preços reduziram a área plantada, as boas condições climáticas posteriores garantiram produtividade acima da média. O relatório da Conab evidencia os desafios enfrentados pelo setor, mas também demonstra a resiliência do agricultor mineiro diante das adversidades.
O feijão segue sendo uma das culturas mais importantes para a economia agrícola do estado e para a mesa do brasileiro, reforçando a necessidade de maior atenção às condições de mercado, infraestrutura e apoio governamental, de forma a assegurar sustentabilidade e rentabilidade para os produtores nos próximos anos.