A safra 2024/25 de arroz irrigado no Rio Grande do Sul entrou para a história da produção agrícola brasileira. Segundo dados divulgados pelo Instituto Rio-Grandense do Arroz (Irga), o Estado alcançou uma produtividade média de 9.044 quilos por hectare (equivalente a 180,9 sacas/ha), a maior já registrada. Esse resultado impulsionou a produção total para 8,76 milhões de toneladas, o que representa um crescimento expressivo de 21,7% em relação ao ciclo anterior.

Clima favoreceu resultado histórico

De acordo com o Irga, as condições climáticas foram determinantes para esse desempenho recorde. Apesar de atrasos na semeadura em algumas regiões, o período entre dezembro e março foi marcado por uma radiação solar acima da média, o que beneficiou as lavouras, inclusive aquelas implantadas em datas mais tardias.

“O clima colaborou de forma decisiva para o desenvolvimento das plantas, garantindo condições ideais para a formação de grãos e consolidando o potencial produtivo das áreas de arroz irrigado”, destacou o instituto em nota.

Cultivares do Irga dominam lavouras gaúchas

Outro fator relevante para o desempenho da safra foi o uso de cultivares desenvolvidas pelo próprio Irga. Conforme os dados divulgados, 63,1% da área plantada no Estado utilizou variedades da instituição.

O destaque ficou para a IRGA 424 RI, cultivar presente em 54,5% das lavouras gaúchas. Essa predominância reforça a confiança dos produtores nas pesquisas e tecnologias desenvolvidas pela instituição, que ao longo dos anos vêm contribuindo para elevar a produtividade e a competitividade do arroz gaúcho no mercado nacional e internacional.

Importância econômica do arroz para o Rio Grande do Sul

O Rio Grande do Sul é responsável por cerca de 70% da produção nacional de arroz irrigado, consolidando-se como líder absoluto do setor. O recorde alcançado na safra 2024/25 fortalece ainda mais o papel estratégico do Estado na segurança alimentar do Brasil e no abastecimento do mercado interno.

Com a produção elevada, o setor projeta maior estabilidade na oferta e maior competitividade frente ao arroz importado, especialmente de países do Mercosul. Além disso, o bom desempenho contribui para a renda dos produtores e movimenta a economia regional, desde fornecedores de insumos até a indústria de beneficiamento e exportação.

Soja em rotação: produtividade em alta

Além do arroz, o sistema de rotação de culturas também trouxe bons resultados para a soja cultivada em áreas de várzea. Apesar da redução de 16,9% na área semeada, que passou para 375 mil hectares, a produtividade apresentou crescimento expressivo.

A média estadual foi de 2.420 quilos por hectare (40,3 sacas/ha), resultado 37,9% superior à safra passada.

Segundo o Irga, essa evolução está diretamente ligada aos benefícios agronômicos da rotação com arroz irrigado. O sistema auxilia na fertilidade do solo, no controle de plantas daninhas e na diversificação da renda do produtor rural.

“A integração entre arroz e soja se mostra cada vez mais estratégica, garantindo ganhos de produtividade e sustentabilidade para os sistemas produtivos”, explicou o instituto.

Perspectivas para as próximas safras

O recorde de produtividade no arroz e o avanço da soja em áreas de rotação indicam que o sistema de produção gaúcho está cada vez mais consolidado. A adoção de cultivares adaptadas, aliada às boas práticas de manejo e ao suporte da pesquisa agrícola, cria um ambiente favorável para que os produtores mantenham a competitividade.

No entanto, especialistas alertam que a dependência do clima ainda é um desafio. Eventos extremos, como estiagens prolongadas ou excesso de chuvas, podem impactar significativamente a produtividade. Por isso, investimentos em irrigação eficiente, manejo sustentável e inovação tecnológica continuam sendo fundamentais para garantir estabilidade nas próximas safras.

A safra 2024/25 de arroz irrigado no Rio Grande do Sul simboliza um marco histórico para a agricultura brasileira. Com produtividade recorde de 9 mil kg por hectare, apoio das cultivares do Irga e a contribuição da rotação com soja, o setor demonstra resiliência e capacidade de crescimento mesmo diante de adversidades.

Esse resultado não apenas fortalece a economia gaúcha, mas também reforça a importância do Estado como pilar da produção de arroz no Brasil. O desafio agora é manter a trajetória positiva, investindo em inovação, manejo sustentável e diversificação de culturas para consolidar ainda mais a competitividade no cenário agrícola nacional e internacional.