O café brasileiro continua a consolidar sua posição como líder absoluto no mercado internacional. Entre janeiro e julho deste ano, o setor registrou um faturamento inédito de aproximadamente R$ 46 bilhões, valor 36% superior ao mesmo período de 2024. O desempenho foi impulsionado por preços médios elevados no mercado externo, resultado de uma oferta global ajustada e da forte valorização do produto.

De acordo com dados do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), o volume exportado no período somou 22,150 milhões de sacas de 60 kg. Embora o número seja menor que as 28,182 milhões de sacas enviadas no ano passado, a redução da disponibilidade interna, especialmente no início da nova safra, não impediu que o setor atingisse receitas recordes.

A menor oferta foi compensada pela alta expressiva nas cotações internacionais, permitindo que o Brasil obtivesse os melhores resultados financeiros já registrados para o período.

Julho também registra recorde histórico

Somente em julho, as exportações brasileiras de café alcançaram 2,733 milhões de sacas, com receita aproximada de R$ 5 bilhões. O resultado representa um crescimento de 10,4% em comparação ao mesmo mês de 2024, consolidando mais um marco histórico para o setor.

Os Estados Unidos mantiveram-se como o principal destino do café nacional, recebendo 3,713 milhões de sacas (16,8% do total embarcado). Na sequência aparecem Alemanha (2,656 milhões), Itália (1,733 milhão), Japão (1,459 milhão) e Bélgica (1,374 milhão).

Perfil das exportações

O café arábica segue como carro-chefe das exportações brasileiras, representando 81% do total com 17,940 milhões de sacas. Na sequência aparecem o café solúvel (10,1%), o canéfora (8,8%) e o café torrado e moído, com participação menor, mas importante para nichos específicos.

Um destaque especial vai para os cafés diferenciados, que possuem certificações de qualidade ou sustentabilidade. Esse segmento respondeu por 21,5% das exportações, totalizando 4,759 milhões de sacas e gerando receita superior a R$ 10 bilhões, alta de 57,8% em relação ao ano passado. O preço médio no mercado internacional desse tipo de café atingiu US$ 425,78 por saca, confirmando o apelo crescente por produtos premium e sustentáveis.

Fatores que impulsionaram o resultado

O cenário internacional foi determinante para o desempenho positivo do café brasileiro. A oferta global limitada elevou os preços médios, beneficiando países exportadores. No Brasil, a safra de qualidade e a valorização cambial ajudaram a potencializar as receitas, mesmo com menor volume exportado.

Outro fator de peso foi a consolidação de mercados tradicionais e a expansão para novos destinos, além da crescente valorização de cafés especiais, que agregam valor e reforçam a imagem do Brasil como fornecedor de qualidade.

Desafios e perspectivas para o restante do ano

Apesar do momento favorável, o setor começa a monitorar os impactos de novas barreiras comerciais. A partir de agosto, os Estados Unidos, maior comprador do café brasileiro, passaram a aplicar um tarifaço de 50% sobre o produto. Especialistas acreditam que a medida pode adiar alguns embarques destinados à indústria norte-americana.

Mesmo assim, as perspectivas permanecem positivas. Exportadores avaliam que a demanda global aquecida, a possibilidade de diversificação de mercados e o fortalecimento do consumo de cafés diferenciados devem sustentar bons resultados até o fim do ano.

Com o desempenho atual, o Brasil reafirma seu protagonismo e mostra que o café não é apenas um produto agrícola, mas um símbolo da economia nacional, capaz de gerar receitas bilionárias e abrir novas fronteiras comerciais.