O mês de julho vem sendo marcado por um movimento de baixa nos preços do boi gordo para abate e também do suíno vivo e da carne suína. De acordo com os levantamentos do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), os recuos nas cotações têm sido registrados em praticamente todas as praças acompanhadas, refletindo uma combinação de fatores ligados à oferta, demanda e sazonalidade no setor pecuário.

Boi gordo: pressão de oferta e menor demanda enfraquecem o mercado

Desde a virada de junho para julho, os preços do boi gordo para abate têm apresentado quedas consecutivas. Segundo o Cepea, o recuo é consequência de um aumento na oferta por parte dos pecuaristas, especialmente em função da deterioração das pastagens neste período seco do ano. Com menos disponibilidade de alimento natural, muitos produtores aceleram a venda de animais, pressionando o mercado.

Outro fator que contribui para esse movimento é o início das entregas dos lotes confinados, que tendem a ganhar força ao longo do segundo semestre, ampliando ainda mais a disponibilidade de animais prontos para o abate. Paralelamente, a demanda da indústria frigorífica e do mercado consumidor não tem apresentado o mesmo ritmo de crescimento, o que contribui para o desequilíbrio entre oferta e procura.

Na última semana, no entanto, o ritmo de queda se mostrou menos acentuado. De acordo com os pesquisadores do Cepea, os negócios começaram a ser fechados com preços mais estáveis, indicando uma possível desaceleração no movimento de baixa. Ainda assim, o acumulado de julho revela perdas importantes aos pecuaristas em diversas regiões do país.

Suínos: preços em queda, mas média mensal positiva e custos em baixa aliviam suinocultores

No mercado de suínos vivos e carne suína, a tendência também foi de queda nos últimos dias. Os dados do Cepea apontam que a menor demanda pelo produto, intensificada pelo tradicional enfraquecimento do consumo no final do mês, tem pressionado as cotações.

Apesar disso, o cenário não é totalmente negativo para os suinocultores paulistas. As valorizações observadas na segunda metade de junho e na primeira quinzena de julho foram suficientes para manter a média mensal de preços em patamar superior ao registrado anteriormente. Ou seja, mesmo com os recuos recentes, o acumulado ainda revela um avanço nos preços médios do mês.

Outro ponto positivo é a melhora no poder de compra do suinocultor frente aos principais insumos da atividade. Os preços do milho e do farelo de soja, principais componentes da ração animal, vêm registrando quedas consistentes nos últimos meses. Isso tem garantido maior margem para os produtores, já que os custos de produção estão mais controlados. Segundo o Cepea, esse é o terceiro mês consecutivo em que o poder de compra do suinocultor paulista melhora frente aos insumos.

Perspectivas para o segundo semestre

Com a chegada do segundo semestre, o mercado pecuário brasileiro tende a passar por novas dinâmicas. No caso do boi gordo, a intensificação do confinamento poderá ampliar a oferta de animais terminados, o que exige atenção redobrada do setor diante da possibilidade de novas pressões sobre os preços.

Já no caso dos suínos, o desempenho do consumo interno e o comportamento do mercado externo, especialmente as exportações serão fundamentais para ditar os rumos das cotações. A continuidade da queda nos preços dos grãos, se mantida, poderá seguir beneficiando a rentabilidade da suinocultura, mesmo em um ambiente de preços da carne menos aquecidos.