O Instituto de Defesa Agropecuária do Estado de Mato Grosso (Indea-MT) emitiu um alerta crucial aos pecuaristas do estado: o prazo para a vacinação obrigatória contra a brucelose em bezerras de bovinos e bubalinos se encerra no próximo dia 30 de junho, segunda-feira. A medida é voltada às fêmeas com idade entre 3 a 8 meses, e o não cumprimento da obrigatoriedade pode acarretar multas de R$ 250,83 por animal, além da impossibilidade de emissão da Guia de Trânsito Animal (GTA), documento essencial para o transporte de gado no Brasil.
Com um rebanho bovino estimado em 32,8 milhões de cabeças, Mato Grosso abriga aproximadamente 4,4 milhões de bezerras que se enquadram na faixa etária obrigatória para imunização. A vacinação contra a brucelose bovina é uma das principais estratégias de controle da doença, que compromete não apenas a produtividade da pecuária, como também representa um risco à saúde pública.
Vacinação é Lei Desde 2001A obrigatoriedade da vacinação foi instituída em 2001 por meio do Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e Tuberculose (PNCEBT), do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). Desde então, todos os produtores devem imunizar suas fêmeas jovens com a vacina B19 ou RB51, conforme a orientação do serviço veterinário oficial.
Além da aplicação da vacina dentro do prazo legal, os pecuaristas devem ficar atentos a outro prazo fundamental: a comprovação da vacinação, que deve ser feita até o dia 2 de agosto. Essa comprovação é realizada mediante apresentação da nota fiscal da vacina e da declaração do médico veterinário responsável.
O Que é Brucelose e Por Que Preocupa?A brucelose é uma doença infecciosa bacteriana causada pelo agente Brucella abortus em bovinos e bubalinos. No rebanho, a infecção pode trazer sérios prejuízos à produção. Nas vacas, é comum o aborto no último terço da gestação, além de retenção de placenta. Já nos touros, a doença pode causar inflamação nos testículos e até esterilidade permanente.
Mas o risco vai além da produção animal. A brucelose é uma zoonose, ou seja, pode ser transmitida aos seres humanos. A contaminação ocorre principalmente por meio do consumo de leite cru ou produtos derivados não pasteurizados, além do contato direto com animais infectados, seus fluidos, secreções ou restos placentários.
Entre os sintomas da brucelose em humanos estão febre intermitente, suores noturnos, dores musculares, fadiga intensa e, em casos mais graves, complicações articulares e neurológicas. Por isso, veterinários, tratadores e produtores que lidam diretamente com o gado doente estão entre os grupos mais vulneráveis à contaminação.
Prejuízos Econômicos e Risco à Cadeia ProdutivaAlém das perdas reprodutivas, a presença da brucelose em uma propriedade pode restringir a comercialização do rebanho, comprometer a credibilidade do produtor e, em última instância, bloquear o acesso a mercados internacionais. Países importadores exigem que a carne bovina e seus derivados provenham de rebanhos livres da doença.
Portanto, manter a vacinação em dia é mais que uma exigência legal, é uma estratégia essencial de sanidade, sustentabilidade e competitividade para o setor pecuário de Mato Grosso, que lidera o ranking nacional de produção bovina e exportações de carne.
Multas e PenalidadesSegundo o Indea-MT, o produtor que deixar de vacinar suas bezerras será penalizado com multa de 1 Unidade Padrão Fiscal (UPF/MT) por animal, o que representa atualmente R$ 250,83 por cabeça. Além da penalização financeira, o pecuarista não poderá emitir a GTA, documento indispensável para comercialização, transporte ou participação em feiras e leilões de gado.
Conscientização e FiscalizaçãoO Indea-MT tem intensificado campanhas de conscientização e fiscalização para garantir que a vacinação ocorra dentro do prazo. Médicos veterinários, sindicatos rurais e associações de criadores também estão mobilizados na divulgação da importância da imunização, especialmente junto aos pequenos e médios produtores, que muitas vezes enfrentam desafios logísticos ou falta de informação.
ConclusãoA vacinação contra a brucelose é obrigatória, estratégica e urgente. Com o fim do prazo se aproximando, os pecuaristas de Mato Grosso devem agir imediatamente para garantir a imunização de suas bezerras e evitar consequências legais e econômicas graves.
A sanidade do rebanho é um dos pilares para o fortalecimento da cadeia produtiva da carne bovina no Brasil. E o controle da brucelose é peça-chave para manter a credibilidade da pecuária mato-grossense nos mercados nacional e internacional.