O Brasil acaba de atingir um marco histórico na produção de peixes de cultivo. Em 2024, o país alcançou a impressionante marca de 968 mil toneladas, superando o Chile e se consolidando como o maior produtor de peixe cultivado das Américas. O desempenho, divulgado pela Associação Brasileira da Piscicultura (Peixe BR), reflete uma combinação de tecnologia, investimento privado e uma cadeia produtiva cada vez mais integrada e eficiente.
Avanço acelerado da tilapicultura impulsiona o crescimentoGrande parte desse sucesso se deve ao avanço da tilapicultura, segmento que vem apresentando crescimento anual superior a 10% na última década. Segundo Francisco Medeiros, presidente da Peixe BR, o Brasil já é reconhecido por possuir a tilapicultura mais tecnológica do mundo, com uma produtividade que chega a ser o dobro da média mundial.
“Esse crescimento é fruto de investimentos maciços em áreas estratégicas como genética, nutrição, manejo, equipamentos, sanidade, produção, processamento e, principalmente, na comercialização interna e externa”, destaca Medeiros.
O executivo ressalta ainda que a participação de empresas que já atuam em outras cadeias de proteína animal, como a de aves e suínos, tem sido fundamental para acelerar a expansão do setor. "Essa sinergia tem trazido ganhos operacionais importantes e ajudado a construir uma cadeia produtiva mais robusta e competitiva", pontua.
Meta ambiciosa: liderança global até 2040Apesar de assumir a liderança nas Américas, o Brasil tem metas ainda mais ousadas para os próximos anos. O objetivo é claro: tornar-se líder global na piscicultura até 2040. Para alcançar esse patamar, a previsão é que cerca de 80% dos investimentos necessários venham da iniciativa privada.
A estratégia passa por fortalecer ainda mais a produção tecnológica, melhorar os processos de pós-produção, ampliar a capacidade de exportação e resolver gargalos que ainda afetam o setor, como questões de sanidade e burocracia regulatória.
“Nosso crescimento é sustentável porque está baseado em ciência, tecnologia e inovação. Mesmo com os desafios econômicos do país, a piscicultura brasileira tem mostrado resiliência e capacidade de adaptação”, afirma o presidente da Peixe BR.
Desafios: sanidade e ambiente regulatórioMesmo com resultados positivos, o setor ainda enfrenta obstáculos importantes. Segundo Medeiros, o principal desafio atual é a questão da sanidade animal, com o aumento de casos de doenças nos plantéis. “A sanidade é o nosso maior gargalo. Os índices de doenças vêm crescendo e, até o momento, não há sinal de recuo. Precisamos redobrar os esforços nas ações de prevenção e controle”, alerta.
Outro ponto de atenção é o ambiente regulatório e mercadológico. A burocracia para licenciamento ambiental, as barreiras sanitárias para exportação e as dificuldades logísticas são entraves que precisam de soluções rápidas para que o Brasil mantenha o ritmo de crescimento.
“O trabalho conjunto entre setor privado, entidades de classe e governo será fundamental para superar esses desafios e consolidar o Brasil como uma potência global da piscicultura”, afirma Medeiros.
Contribuição para a segurança alimentar globalAlém de gerar empregos e movimentar a economia interna, o crescimento da produção de peixes de cultivo no Brasil representa um passo importante para a segurança alimentar global. Segundo dados da Peixe BR, o pescado já é hoje a proteína animal mais consumida no mundo, com destaque para os peixes de cultivo.
“Temos um papel fundamental nesse cenário. A demanda global por proteína de qualidade não para de crescer, e o Brasil está preparado para atender a esse mercado, seja internamente ou através das exportações”, finaliza Medeiros.
Perspectivas para o futuroCom um histórico de crescimento consistente e com o apoio de tecnologias de ponta, o Brasil caminha a passos largos rumo à liderança mundial na produção de peixes de cultivo. A meta de 2040 parece cada vez mais viável, desde que o país continue investindo, inovando e superando os desafios que ainda estão pela frente.