O mercado físico do boi gordo iniciou a semana com cenário de firmeza e valorização expressiva nos preços. De acordo com dados divulgados pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), o valor da arroba atingiu até R$ 325 em São Paulo, impulsionado por uma combinação de baixa oferta de animais a pasto e demanda aquecida, especialmente no atacado e nas exportações de carne bovina.
Nesta segunda-feira, 9 de junho, os negócios no estado paulista variaram entre R$ 305 e R$ 325 por arroba, refletindo o movimento de reajuste adotado por diversos frigoríficos. O indicador Cepea/Esalq fechou cotado a R$ 311,75, o que representa uma valorização de 1,8% apenas nos primeiros dias do mês. Esse cenário reforça a tendência de alta que vem se desenhando no mercado físico do boi gordo desde o início do segundo trimestre.
Oferta limitada impulsiona preços da arrobaSegundo análise do Cepea, a oferta de animais terminados a pasto está bastante restrita neste início de mês. A condição das pastagens, que tende a se deteriorar com a chegada do período seco, ainda apresenta melhor desempenho do que em anos anteriores, mas a lotação dos pastos já atinge o limite em muitas regiões. Como resultado, há menos disponibilidade de animais prontos para o abate no mercado.
As escalas de abate continuam curtas, com a maioria dos frigoríficos operando com programação para no máximo 10 dias. Há inclusive unidades que ainda estão tentando preencher os abates desta semana, o que reforça a pressão de compra e ajuda a sustentar os preços da arroba em patamares elevados.
Além disso, o mercado de bois magros também permanece aquecido. A demanda por reposição está firme, mas a oferta segue restrita, com muitos animais já destinados aos confinamentos, que apresentam ocupação superior à observada no mesmo período de 2024.
Exportações de carne bovina batem recorde e sustentam firmezaOutro fator determinante para a firmeza no mercado do boi gordo é o desempenho positivo das exportações de carne bovina. Segundo dados do Cepea, o volume médio diário exportado na primeira semana de junho foi quase 24% superior ao registrado em maio e 33% maior que a média de junho de 2024.
Além do volume, os preços internacionais também apresentaram elevação. A tonelada de carne bovina exportada foi negociada, em média, a R$ 30.217, o que representa um avanço de 2,5% em relação a maio e 25% acima da média de junho do ano passado, já considerando os efeitos do câmbio.
Esses números evidenciam o vigor da demanda externa pela carne brasileira, especialmente por parte de países como China e Emirados Árabes Unidos, que seguem como principais destinos das exportações nacionais. A valorização em dólar e em real contribui diretamente para a atratividade das vendas externas, incentivando os frigoríficos a disputar a matéria-prima com mais agressividade.
Perspectivas para o mercado do boi gordoCom a combinação de oferta restrita, demanda aquecida no mercado interno e desempenho robusto das exportações, o mercado do boi gordo tende a manter sua trajetória de valorização nas próximas semanas. Especialistas acreditam que os preços da arroba podem continuar subindo enquanto os frigoríficos enfrentarem dificuldades para compor suas escalas e enquanto a janela de exportações seguir aquecida.
O avanço da entressafra, que geralmente se intensifica entre julho e agosto, também deve acentuar ainda mais a redução na oferta de animais a pasto, o que pode pressionar os preços ainda mais para cima, especialmente se o clima continuar impactando negativamente as pastagens.
Nesse contexto, pecuaristas que conseguiram manter animais em boas condições de terminação ou que têm acesso a estratégias de suplementação e confinamento podem se beneficiar dos valores historicamente elevados da arroba, especialmente em praças como São Paulo, Mato Grosso do Sul e Goiás.
A escalada dos preços do boi gordo em São Paulo, com negócios já atingindo R$ 325 por arroba, reflete um momento de força no mercado físico, sustentado por oferta escassa de animais a pasto e excelente desempenho das exportações de carne bovina. Com o início da entressafra e a tendência de manutenção da demanda, o cenário segue favorável à valorização, o que exige atenção redobrada dos agentes do setor para oportunidades e riscos ao longo do segundo semestre.