O governo de Minas Gerais decretou, nesta terça-feira (27), estado de emergência sanitária animal após a confirmação de um caso de Influenza Aviária de Alta Patogenicidade (IAAP) em aves ornamentais na cidade de Mateus Leme, localizada na Região Metropolitana de Belo Horizonte. A medida, que terá validade de 90 dias, foi tomada com o objetivo de conter o avanço do vírus entre as aves e proteger o setor agropecuário mineiro, que é um dos mais relevantes do país.

O caso foi identificado em um sítio onde eram criados dois gansos e um cisne negro silvestre, todos mantidos como aves ornamentais e sem fins comerciais. Apesar de o foco não estar localizado em uma granja de produção, o governo estadual adotou o protocolo de emergência devido ao risco sanitário representado pelo vírus.

A prefeitura de Mateus Leme informou, por meio de nota oficial, que não há motivo para pânico entre a população e que todas as medidas de controle e segurança estão sendo rigorosamente seguidas pelas autoridades sanitárias locais e estaduais.

Gripe aviária em Minas Gerais: impacto e medidas de contenção

A Influenza Aviária de Alta Patogenicidade, conhecida como gripe aviária, é uma doença viral que afeta aves domésticas e silvestres, podendo causar altas taxas de mortalidade. De acordo com o Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), o vírus não representa risco à saúde humana, uma vez que não é transmitido por meio do consumo de carne de frango ou ovos. No entanto, sua disseminação pode comprometer severamente a produção agropecuária e afetar economicamente produtores e exportadores.

Minas Gerais é o segundo maior produtor de ovos do Brasil e ocupa a quinta posição na produção de galináceos, o que torna o estado altamente sensível a surtos da doença. Em maio, como medida preventiva, o governo mineiro descartou cerca de 450 toneladas de ovos férteis provenientes de uma granja de Montenegro (RS), onde foi confirmado, no dia 15 do mesmo mês, um foco da IAAP. Os ovos, rastreados e destinados à reprodução e não ao consumo, foram destruídos conforme o Plano de Contingência da Influenza Aviária, em vigor desde 2022.

Histórico da doença no estado

Este não é o primeiro registro da doença em Minas Gerais. Em 2023, um pato de vida livre da espécie Cairina moschata foi diagnosticado com Influenza Aviária de Baixa Patogenicidade (H9N2), uma cepa que geralmente não apresenta sintomas clínicos relevantes nas aves e que não oferece risco à saúde humana. O caso anterior, embora menos grave, já havia acionado o alerta das autoridades sanitárias.

A confirmação recente de um foco de IAAP, no entanto, eleva o nível de preocupação, uma vez que essa variante do vírus é altamente contagiosa e letal para as aves. Além de ameaçar a sanidade animal, a gripe aviária tem potencial para impactar negativamente o comércio internacional de produtos avícolas, especialmente no caso de países importadores que exigem garantias sanitárias rígidas.

Estado de emergência sanitária animal

Com o decreto de emergência sanitária animal, o governo de Minas Gerais ganha maior agilidade para implementar medidas de controle, como restrições de transporte de aves, fiscalização de criadouros e bloqueios sanitários. A ação também facilita o acesso a recursos financeiros e logísticos para monitoramento, diagnóstico e contenção da doença.

A Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa) está coordenando as ações em parceria com órgãos federais, como o MAPA, e municipais, como as secretarias de saúde e vigilância sanitária. Equipes técnicas já foram deslocadas para a região afetada e realizam testes, vistorias e orientações a produtores rurais.

Situação nacional da gripe aviária

O caso em Mateus Leme ocorre poucos dias após o Brasil registrar, pela primeira vez, um foco de IAAP em uma granja comercial em Montenegro, no Rio Grande do Sul. Desde então, autoridades estaduais e o governo federal intensificaram as ações para conter a disseminação da doença, com destaque para bloqueios sanitários, campanhas de conscientização e inspeções em propriedades avícolas.

A detecção do vírus em dois estados acende um alerta para a necessidade de vigilância constante e colaboração entre os setores público e privado na manutenção da biossegurança no campo. A gripe aviária, apesar de não representar perigo direto ao consumidor, pode comprometer a cadeia produtiva e gerar prejuízos milionários ao agronegócio nacional.

A confirmação de um caso de gripe aviária em Minas Gerais e o consequente decreto de estado de emergência sanitária animal reforçam a importância da prevenção, do monitoramento e da resposta rápida diante de doenças com potencial de alto impacto. A ação célere do governo estadual, aliada ao cumprimento dos protocolos estabelecidos pelo MAPA, busca preservar a sanidade do plantel avícola e garantir a continuidade segura da produção no estado. A situação, embora controlada, exige vigilância contínua e cooperação de toda a sociedade para evitar a disseminação do vírus.