O mercado da cana-de-açúcar apresentou comportamentos distintos na última semana, com destaque para o aumento expressivo nas vendas de etanol hidratado pelas usinas de São Paulo, ao mesmo tempo em que as cotações do açúcar continuaram em queda no mercado spot. Os dados são do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP.
Etanol hidratado registra maior volume negociado desde janeiro
De acordo com o Cepea, o volume de etanol hidratado comercializado no estado de São Paulo teve um crescimento de 12,3% na semana encerrada em 16 de maio, em comparação com o período anterior. Trata-se do maior volume negociado desde o final de janeiro, o que evidencia uma reativação significativa do mercado.
O aumento nas vendas foi impulsionado, sobretudo, por pequenos e médios compradores que atuaram de forma mais ativa no mercado spot. Essa movimentação, segundo os analistas do Cepea, está relacionada ao reabastecimento das bases de distribuição após o feriado do Dia das Mães, que tradicionalmente gera um pico de consumo.
Apesar do crescimento no volume de vendas, os preços do etanol hidratado registraram leve recuo. O indicador Cepea/Esalq fechou a R$ 2,1080 por litro, o que representa uma queda de 0,57% frente à semana anterior. Já o etanol anidro, utilizado na mistura com a gasolina, teve uma valorização de 0,27%, sendo comercializado a R$ 3,1314 por litro.
Estratégias distintas nas usinas impactam a formação de preços
Do lado da oferta, o Cepea identificou comportamentos distintos entre as usinas. Algumas unidades produtoras optaram por reduzir os preços de seus lotes, o que ajudou a movimentar o mercado. Por outro lado, outras usinas se mantiveram firmes nos preços exigidos, motivadas pelo volume relativamente baixo de etanol registrado pela União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) nas últimas semanas.
Esse cenário de estratégias diferentes entre os vendedores mostra um mercado ainda sensível à dinâmica de oferta e demanda, além de fatores sazonais que influenciam o consumo e o escoamento dos produtos derivados da cana.
Açúcar cristal recua pelo segundo período consecutivo
Enquanto o etanol teve desempenho mais positivo em volume, o mesmo não pode ser dito sobre o açúcar cristal. As cotações do produto seguem em queda no mercado spot paulista. Na semana passada, o indicador Cepea/Esalq para o açúcar cristal Icumsa 150 fechou a R$ 136,94 por saca de 50 kg na sexta-feira (16), o que representa uma retração de 3,7% em relação ao fechamento do dia 9 de maio.
Na semana anterior, o mesmo indicador havia registrado média de R$ 138,85 por saca, já apontando queda de 2% frente ao período anterior. Ou seja, o açúcar cristal acumula perdas significativas em duas semanas consecutivas.
Segundo o Cepea, apesar de algumas usinas se manterem firmes nos preços pedidos para o açúcar Icumsa 150, outras mostraram maior flexibilidade nas negociações do Icumsa 180, o que contribuiu para a queda média dos preços.
Perspectivas para o setor sucroenergético
O comportamento recente do mercado mostra uma recuperação momentânea nas vendas de etanol, impulsionada por fatores pontuais de demanda, enquanto o açúcar enfrenta uma pressão maior sobre os preços devido ao aumento da oferta e à flexibilidade de algumas usinas nas negociações.
Para o setor sucroenergético, os próximos movimentos dependerão do ritmo da colheita da safra 2024/25, da demanda interna e das condições do mercado internacional, especialmente no que diz respeito ao açúcar, que ainda enfrenta concorrência global e flutuações cambiais.
Com a intensificação da safra no Centro-Sul do país, é esperado um aumento na oferta de etanol e açúcar nas próximas semanas, o que pode pressionar ainda mais os preços, caso a demanda não acompanhe o ritmo da produção.