As vendas totais de etanol no Brasil registraram queda de 3,46% em abril de 2025 na comparação com o mesmo mês do ano anterior, totalizando 2,77 bilhões de litros. Os dados, divulgados pela União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (Unica), revelam um cenário de retração no volume comercializado, especialmente do etanol hidratado, mas com manutenção da competitividade frente à gasolina no mercado interno.

Queda nas vendas de etanol hidratado puxa retração do mercado

O etanol hidratado, utilizado diretamente como combustível nos veículos flex, teve retração de 6,43% nas vendas totais em abril, somando 1,83 bilhão de litros. No mercado doméstico, foram comercializados 1,81 bilhão de litros, o que representa uma queda de 4,09% em relação ao mesmo período do ciclo anterior.

Já o etanol anidro, misturado à gasolina na proporção obrigatória de 27%, apresentou desempenho positivo. As vendas totais cresceram 2,83%, atingindo 946,76 milhões de litros. Desse total, 904,91 milhões de litros foram comercializados no mercado interno, o que representa um avanço de 1,04% na comparação anual.

Com isso, o volume total de etanol comercializado no mercado doméstico foi de 2,71 bilhões de litros em abril, queda de 2,44% na comparação com o mesmo mês de 2024.

Competitividade do etanol se mantém nas bombas

Apesar da queda nas vendas totais, a Unica destaca que o consumo de etanol hidratado continua favorecido no mercado interno devido à competitividade do preço em relação à gasolina. Segundo o diretor de inteligência setorial da entidade, Luciano Rodrigues, “o patamar mais elevado de etanol hidratado vendido no mercado interno se manteve no mês de abril e reflete a elevada competitividade do biocombustível nas bombas”.

De acordo com levantamento da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), realizado entre os dias 4 e 10 de maio em 372 municípios brasileiros, o preço do etanol foi inferior à paridade técnica com a gasolina em 184 cidades. Na média nacional, o diferencial de preços entre etanol e gasolina está em 68,3%, favorecendo o consumo do biocombustível.

“Os dados da ANP indicam que todos os municípios amostrados nos Estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Paraná registraram preço do etanol economicamente vantajoso em relação à gasolina, reforçando a expectativa de manutenção do consumo do biocombustível”, completou Rodrigues.

Exportações recuam com forte queda no etanol hidratado

As exportações de etanol também registraram retração significativa em abril. As usinas da região Centro-Sul exportaram 59,05 milhões de litros do biocombustível no mês, o que representa uma queda de 34,83% em relação ao mesmo período do ano-safra anterior.

O destaque negativo ficou por conta do etanol hidratado, cujas exportações despencaram 73,75%, totalizando apenas 17,19 milhões de litros. Em contrapartida, o volume exportado de etanol anidro teve alta expressiva de 66,70%, atingindo 41,86 milhões de litros.

Mercado de CBios já tem quase 65% da meta de 2025 cumprida

Paralelamente ao desempenho do mercado físico de etanol, o setor de biocombustíveis continua movimentando o mercado de Créditos de Descarbonização (CBios), no âmbito do programa RenovaBio. Até a segunda-feira, os produtores de biocombustíveis haviam emitido 15,55 milhões de CBios, segundo dados da B3.

Ao todo, estão disponíveis para negociação 25,82 milhões de CBios, que podem ser adquiridos por partes obrigadas (como distribuidoras de combustíveis), partes não obrigadas e emissores. “Somando os CBios disponíveis para comercialização e os créditos já aposentados para cumprimento da meta de 2025, já temos quase 65% dos títulos necessários para o atendimento integral da quantidade exigida pelo programa para o fim deste ano”, ressaltou Luciano Rodrigues.

Perspectivas para os próximos meses

Apesar da retração nas vendas totais e nas exportações, o cenário para o etanol no mercado interno continua promissor. A manutenção de preços competitivos nas bombas, especialmente em grandes estados produtores e consumidores, pode sustentar a demanda ao longo dos próximos meses.

Além disso, o avanço do RenovaBio e do mercado de CBios reforça o compromisso do setor com a descarbonização e sustentabilidade, aspectos cada vez mais valorizados pelo mercado e pela sociedade.

Com a continuidade da safra 2025/26 e possíveis variações nos preços internacionais do petróleo, o comportamento do mercado de etanol seguirá em observação, com foco na rentabilidade para os produtores, atratividade para os consumidores e equilíbrio entre oferta e demanda.