O preço do frango vivo nas principais regiões produtoras do Brasil atingiu, em abril, o maior patamar em quase dois anos, refletindo um momento positivo para a avicultura nacional. Segundo dados do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), a valorização está diretamente ligada ao bom ritmo das vendas no mercado interno e externo, além da redução dos custos de produção — especialmente milho e farelo de soja, que são os principais insumos utilizados na alimentação das aves.

No estado de São Paulo, o frango vivo está sendo comercializado a R$ 6,15 o quilo, o que representa uma alta expressiva de 11% apenas no mês de abril. Este é o maior valor registrado no estado desde meados de 2022, sinalizando uma recuperação importante para o setor. Já no Paraná, outro polo fundamental da avicultura brasileira, o valor de referência segue estável em R$ 5,10/kg. Em Santa Catarina, a cotação informada pela Epagri está em R$ 4,66/kg.

Apesar das diferenças regionais, o cenário geral é de otimismo para o produtor de frango de corte. A queda dos preços dos insumos agrícolas permitiu, pelo segundo mês consecutivo, uma melhora no poder de compra do avicultor. De acordo com o Cepea, essa combinação entre alta no preço de venda e redução dos custos operacionais proporciona maior fôlego financeiro ao produtor, que vinha sendo pressionado por margens apertadas nos últimos trimestres.

No mercado atacadista, o frango abatido também apresenta preços firmes. Em São Paulo, o produto gira em torno de R$ 8,20 por quilo, refletindo a continuidade da demanda estável. No entanto, os cortes congelados e resfriados apresentaram um leve recuo nesta semana. O frango congelado é negociado a R$ 8,67/kg, enquanto o resfriado está sendo vendido a R$ 8,68/kg. Segundo analistas, esse movimento indica maior cautela por parte dos compradores, que estão ajustando os estoques de acordo com o comportamento do consumo.

Enquanto o setor de frango de corte colhe bons resultados, o segmento de postura vive um momento mais desafiador. A procura por ovos recuou e os custos de produção continuam elevados, o que reduziu significativamente as margens dos produtores. Em Bastos (SP), considerado o maior centro de produção de ovos do Brasil, os preços sofreram quedas. A caixa com 30 dúzias de ovos brancos caiu de R$ 203 para R$ 192, enquanto a do ovo vermelho foi negociada a R$ 220.

Essa divergência entre os segmentos da avicultura brasileira exige atenção redobrada dos produtores e dos agentes do setor. Enquanto o frango de corte vive uma fase de recuperação e rentabilidade, os produtores de ovos enfrentam um mercado mais retraído e com maiores desafios para equilibrar custos e receitas.

Segundo especialistas, a expectativa para os próximos dias é de manutenção dos atuais patamares de preços, com possíveis ajustes pontuais a depender da oscilação da demanda, especialmente no varejo e no mercado internacional. O cenário externo, por sua vez, tem favorecido as exportações de carne de frango brasileira, o que ajuda a sustentar os bons preços do frango vivo.

Conclusão

A valorização do frango vivo marca um importante alívio para os produtores após um período de margens pressionadas. A combinação de aumento nas vendas e queda nos custos de produção reforça a competitividade da avicultura brasileira tanto no mercado interno quanto nas exportações. No entanto, a diferença entre os resultados da avicultura de corte e a de postura exige estratégias distintas e atenção aos movimentos de consumo e oferta.

Com o cenário atual, a tendência é de que o mercado se mantenha firme no curto prazo, beneficiando produtores mais eficientes e atentos às dinâmicas de custos, estoques e preços.