O atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta quarta-feira (2) um novo pacote de tarifas globais sobre importações, denominado por ele como o “Dia de Libertação”. Entre as medidas, está a imposição de uma taxa de 10% sobre os produtos brasileiros que entram no mercado norte-americano. O anúncio faz parte de uma estratégia mais ampla de tarifas recíprocas contra países que, segundo Trump, aplicam impostos elevados sobre produtos dos EUA.

A decisão pode gerar impactos diretos para a economia brasileira, especialmente para setores que dependem das exportações para os Estados Unidos, como o agronegócio e a indústria manufatureira. O governo brasileiro, por sua vez, já se movimenta para responder à medida, com a aprovação da Lei de Reciprocidade Comercial na Câmara dos Deputados.

Tarifas recíprocas: uma nova estratégia protecionista

Durante o evento de anúncio das novas tarifas, Trump explicou que a intenção é equilibrar as relações comerciais e evitar que os Estados Unidos sejam prejudicados por políticas de importação de outros países. Além da taxa de 10% para o Brasil, foram estabelecidas tarifas mais elevadas para outras nações e blocos econômicos, como a União Europeia (20%), China (34%) e Vietnã (46%).

Além das tarifas específicas para cada país, Trump confirmou uma taxa de 25% sobre todos os veículos importados. Durante a transmissão oficial da Casa Branca, ele afirmou que essas medidas visam “tornar os Estados Unidos grande novamente” e corrigir distorções causadas por políticas comerciais anteriores, especialmente durante a administração do democrata Joe Biden.

Setores brasileiros podem ser afetados

A imposição da tarifa de 10% sobre produtos brasileiros pode impactar diversos setores da economia nacional. Atualmente, os Estados Unidos são um dos principais parceiros comerciais do Brasil, especialmente na exportação de produtos como aço, alumínio, celulose, café e soja. Com o aumento do custo para importadores americanos, a competitividade desses produtos pode ser reduzida, favorecendo concorrentes de outros países.

Além disso, a medida pode afetar investimentos estrangeiros no Brasil. Empresas que exportam para os EUA podem sofrer retração nos lucros, levando a ajustes em produção, emprego e até mesmo na atração de novos investidores.

Brasil responde com Lei de Reciprocidade Comercial

Em reação às medidas protecionistas, a Câmara dos Deputados aprovou o Projeto de Lei 2.088/2023, que estabelece a Lei de Reciprocidade Comercial. O objetivo da nova legislação é permitir que o governo brasileiro adote contramedidas contra países que impõem barreiras aos produtos nacionais no mercado global.

O texto segue agora para sanção presidencial e prevê a criação de critérios para que o Brasil possa responder a práticas unilaterais que impactem sua competitividade internacional. Segundo o Artigo 3º da nova lei, o Conselho Estratégico da Câmara de Comércio Exterior (Camex) terá a autoridade para adotar restrições às importações de bens e serviços de países que apliquem tarifas prejudiciais ao Brasil.

Efeitos e próximos passos

A sanção da Lei de Reciprocidade pode significar um endurecimento nas relações comerciais entre o Brasil e os Estados Unidos. Caso o governo brasileiro decida aplicar tarifas semelhantes às anunciadas por Trump, setores que dependem da importação de produtos norte-americanos também poderão sentir os efeitos da disputa comercial.

Além disso, as medidas protecionistas de Trump podem impactar a economia global, afetando cadeias de suprimentos e levando a uma possível reação de outros países atingidos pelas novas tarifas.

Nos próximos dias, espera-se que o governo brasileiro se posicione oficialmente sobre as medidas e avalie quais produtos podem ser alvo de retaliação caso a nova legislação seja sancionada e colocada em prática.

O anúncio do tarifaço de Trump e a resposta do Brasil por meio da Lei de Reciprocidade Comercial evidenciam um novo capítulo nas relações comerciais entre os dois países. Enquanto os Estados Unidos buscam proteger sua indústria com medidas tarifárias agressivas, o Brasil demonstra disposição para reagir e defender seus interesses no mercado global. O desdobramento dessa disputa pode influenciar não apenas os setores exportadores, mas também a economia interna, dependendo das contramedidas adotadas pelo governo brasileiro.