As exportações do agronegócio brasileiro alcançaram US$ 164,37 bilhões em 2024, uma redução de 1,3% (US$ 2,18 bilhões) em comparação ao ano anterior. Apesar do recuo, o resultado representa o segundo maior valor registrado na série histórica, conforme divulgado pelo Ministério da Agricultura. A retração foi atribuída à queda nos preços de algumas das principais commodities agrícolas, embora tenha havido um aumento de 3,4% no volume exportado.
O Protagonismo do Agronegócio no Comércio Exterior
Em 2024, os produtos agropecuários representaram 48,8% do total das exportações brasileiras, percentual semelhante ao do ano anterior (49%). De acordo com Luís Rua, secretário de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, o desempenho reflete a resiliência do setor, que manteve sua relevância no comércio exterior. O incremento no volume exportado foi essencial para mitigar os impactos da retração nos preços, que tiveram queda de 4,6%.
A diversificação de produtos e mercados também desempenhou um papel importante, como apontou Rua: “O setor manteve seu protagonismo ao responder por metade das exportações totais do País, trazendo resultados concretos do empenho do Governo e do setor privado para uma maior inserção internacional.”
Destaques por Setores
Entre os principais produtos exportados, o complexo soja liderou com US$ 53,9 bilhões, representando 32,8% do total. Carnes (US$ 26,2 bilhões), complexo sucroalcooleiro (US$ 19,7 bilhões), produtos florestais (US$ 17,3 bilhões), café (US$ 12,3 bilhões) e cereais (US$ 10 bilhões) também se destacaram. Esses segmentos somaram 84,8% das exportações do agronegócio, um recuo de 2,9 pontos percentuais em relação ao ano anterior.
Além disso, produtos menos tradicionais ganharam relevância. Itens como limões, limas, chocolate, alimentos para cães e gatos, gengibre e cebolas apresentaram crescimento significativo nos embarques. Em termos de recordes, açúcar, café verde, algodão, carne suína in natura, bois vivos e feijões secos alcançaram volumes e valores inéditos.
Principais Destinos e Desafios
A China permaneceu como principal destino das exportações do agronegócio, com US$ 49,7 bilhões, apesar de uma queda de 17,5% em comparação a 2023. O país asiático foi responsável por 30,2% das exportações brasileiras, menor participação desde 2021. A soja em grão liderou as vendas para o mercado chinês, com US$ 31,5 bilhões, embora tenha registrado uma redução de US$ 7,4 bilhões.
Os Estados Unidos consolidaram a segunda posição, com US$ 12,1 bilhões, um crescimento de 23,1% em relação ao ano anterior, seguidos pelos Países Baixos (US$ 5,5 bilhões). Outros mercados, como Egito, Emirados Árabes Unidos, Bélgica, Turquia e Irã, também se destacaram, apresentando crescimentos expressivos nas importações de produtos brasileiros.
Balança Comercial e Importações
As importações de produtos agropecuários somaram US$ 19,3 bilhões em 2024, um aumento de 16,2% em relação ao ano anterior. Entre os produtos mais importados, destacaram-se álcool, azeite de oliva, óleo de palma e trigo. Com isso, o saldo da balança comercial do agronegócio ficou positivo em US$ 145,07 bilhões, inferior aos US$ 149,88 bilhões registrados em 2023.
Perspectivas para 2025
As projeções para 2025 são otimistas, com a safra de grãos estimada em 322,42 milhões de toneladas, um crescimento de 8,5% em relação à safra anterior, segundo a Conab. O aumento na produção pode impulsionar as exportações, especialmente de soja e milho, cujas vendas foram impactadas negativamente em 2024.
De acordo com o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, “as perspectivas de recordes de safra e de produção de diversos produtos do agronegócio, aliadas ao esforço para abertura e ampliação de mercados, apontam para novos recordes em volume e valor neste ano.” A parceria entre o governo e entidades como Apex-Brasil deve fortalecer as ações de promoção comercial, ampliando a inserção internacional do agronegócio brasileiro.
Embora 2024 tenha apresentado desafios para as exportações do agronegócio, o setor mostrou resiliência e manteve sua relevância no comércio exterior. A diversificação de mercados, aliada a uma safra recorde prevista para 2025, sinaliza uma retomada do crescimento, reforçando o papel estratégico do agronegócio na economia brasileira.