Novembro foi marcado por mudanças significativas nos preços de produtos agrícolas em São Paulo, com destaque para a alface e o café arábica, que registraram expressivas altas. De acordo com o relatório de Acompanhamento dos Preços ao Produtor, elaborado pelo Departamento Econômico da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp), fatores como chuvas intensas e oferta limitada foram determinantes para essas variações.
Alface Crespa e Americana: Impacto Climático Eleva Cotações
A alface foi uma das culturas mais impactadas em novembro. As chuvas que atingiram São Paulo na primeira metade do mês reduziram a disponibilidade de folhosas no mercado, o que impulsionou as cotações. A alface crespa registrou um aumento médio de 128,8%, enquanto a americana teve alta de 95,1%, segundo o relatório da Faesp.
Esse movimento reflete a vulnerabilidade das hortaliças às condições climáticas. Com a redução da oferta, os produtores tiveram maior poder de barganha, resultando em preços elevados para os consumidores. A tendência, no entanto, deve se estabilizar à medida que as condições climáticas se normalizem e novos lotes de produção cheguem ao mercado.
Café Arábica: Recorde Histórico nos Preços
Outro destaque foi o café arábica, que atingiu o maior valor real da série histórica do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) desde janeiro de 1998. O produto apresentou uma alta acumulada de 100,1% nos últimos 12 meses, impulsionada pela oferta restrita no mercado interno.
Segundo o Cepea, a maior parte da safra já havia sido comercializada antes de novembro, o que limitou a disponibilidade para novos negócios. Essa restrição, aliada à valorização do café no mercado internacional, contribuiu para a elevação dos preços no Brasil. A demanda interna e externa pelo café brasileiro permanece aquecida, consolidando sua posição como um dos principais produtos de exportação do país.
Banana Nanica e Limão: Quedas de Preço no Cenário de Abundância
Nem todos os produtos agrícolas acompanharam a tendência de alta em novembro. A banana nanica registrou uma redução de 28,5% em suas cotações. O calor intenso nas principais regiões produtoras, como o Vale do Ribeira, acelerou o amadurecimento dos frutos, elevando a oferta e pressionando os preços para baixo.
O limão também sofreu desvalorização, com queda de 27,9% nos preços. O resultado está associado à menor qualidade e ao tamanho reduzido dos frutos, características atribuídas às condições climáticas adversas. Apesar disso, o valor médio do limão ainda foi 48,2% superior ao registrado no mesmo período de 2023, demonstrando que, mesmo em queda, os preços permanecem em patamares elevados.
Perspectivas para o Mercado Agrícola Paulista
Os dados divulgados pela Faesp, com base em informações da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e do Cepea-Esalq/USP, evidenciam a influência do clima e da dinâmica de oferta e demanda nos preços agrícolas.
Para os próximos meses, espera-se que as condições climáticas e a logística de distribuição desempenhem papel crucial na definição dos preços, especialmente para produtos sensíveis como hortaliças. Já no caso do café, a oferta restrita e a forte demanda devem manter as cotações em patamares elevados.
Os interessados podem acessar o relatório completo no Painel de Dados da Faesp, que fornece análises detalhadas e projeções para o setor. Acompanhar essas tendências é essencial para produtores e agentes do mercado, que precisam adaptar estratégias frente às variações de preço e oferta.