O Brasil decidiu encerrar as importações de camarões provenientes do Equador, marcando um passo significativo na proteção da cadeia produtiva aquícola nacional. O anúncio foi feito pelo ministro da Pesca e Aquicultura, André de Paula, e pelo secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), Carlos Goulart. A medida, que entrará em vigor a partir de 9 de dezembro, foi motivada por irregularidades detectadas durante uma auditoria internacional conduzida pela Secretaria de Defesa Agropecuária (SDA) no país andino.

Irregularidades sanitárias justificam proibição

A auditoria, realizada em novembro, avaliou o serviço veterinário equatoriano e sua conformidade com os rígidos requisitos zoossanitários exigidos pelo Brasil para a importação de camarões. De acordo com o secretário Carlos Goulart, foram identificadas evidências técnicas que comprometem a segurança dos produtos equatorianos. “A missão foi um sucesso e justificou a proibição. Se somos submetidos a exigências altíssimas para exportar, devemos adotar o mesmo rigor nas importações”, afirmou Goulart.

A decisão reflete o compromisso do governo brasileiro em manter padrões elevados de defesa agropecuária, visando garantir alimentos seguros para os consumidores e fortalecer a produção nacional.

Medida impulsiona setor brasileiro

O fim das importações do Equador foi bem recebido pela Associação Brasileira de Criadores de Camarão (ABCC). O presidente da entidade, Itamar Rocha, destacou que a medida não apenas mitiga riscos sanitários, mas também amplia as oportunidades para o setor aquícola brasileiro. “O fechamento do mercado equatoriano permitirá que a produção nacional ganhe mais espaço e valor no mercado interno”, avaliou Rocha.

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil produziu 127,4 mil toneladas de camarão em 2023, com crescimento constante desde 2019. A maior parte da produção está concentrada no Nordeste, com destaque para o Ceará como principal estado produtor.

A decisão também se alinha a um esforço estratégico para aumentar a competitividade do setor nacional, que poderá atender à crescente demanda interna sem a concorrência direta do principal exportador global de camarões. O Equador é responsável por mais de 40% das importações brasileiras de camarão congelado em 2024.

Apoio e trabalho conjunto dos ministérios

O ministro André de Paula elogiou a colaboração entre os Ministérios da Pesca e Agricultura e o setor privado na resolução dessa questão. Ele destacou o papel do ministro Carlos Fávaro (Mapa) no apoio ao envio da missão ao Equador e a importância de manter altos padrões de sanidade tanto nas importações quanto nas exportações.

“Seguiremos ampliando nossa participação nos mercados internacionais, sempre atendendo aos rigorosos padrões exigidos pelos nossos parceiros comerciais”, afirmou o ministro.

Impactos no mercado e perspectivas

Além de proteger a qualidade dos produtos disponíveis para os consumidores brasileiros, a proibição das importações do Equador pode estimular novos investimentos na carnicicultura nacional. Com maior demanda pela produção local, produtores brasileiros terão mais incentivos para expandir suas operações e atender ao mercado interno.

O encerramento das importações também reforça o papel do Brasil como um ator global comprometido com padrões rigorosos de sanidade e qualidade no setor agropecuário. Ao adotar essa postura, o país busca não apenas garantir a segurança alimentar da população, mas também fortalecer a posição de seus produtos no mercado internacional.

A decisão representa, portanto, um marco na valorização da aquicultura nacional, com benefícios diretos para os produtores locais e consumidores. O desafio, agora, será garantir que o setor esteja preparado para suprir a lacuna deixada pela saída dos camarões equatorianos do mercado brasileiro, mantendo a competitividade e os padrões de excelência que caracterizam a produção nacional.