A produção de etanol no Brasil deve alcançar um volume recorde de 36,1 bilhões de litros na safra 2024/25, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Este crescimento de 1,3% em relação à temporada passada reflete a expansão significativa da fabricação de etanol a partir do milho, mesmo diante de uma queda na produção de cana-de-açúcar devido às condições climáticas adversas.
Etanol de Milho Ganha Protagonismo
O etanol de milho é o principal impulsionador deste aumento. A produção do biocombustível a partir do cereal está estimada em 7,2 bilhões de litros, representando um crescimento expressivo de 22,1% na comparação com a temporada passada. Esta estimativa supera a previsão anterior de agosto, que apontava 6,9 bilhões de litros.
O avanço do etanol de milho no Brasil se deve a novos projetos industriais e ampliações de plantas já existentes. O Estado do Mato Grosso, líder na produção de milho e etanol do cereal, desempenha um papel estratégico nesse cenário, beneficiando-se de matéria-prima abundante e de baixo custo. Segundo a Conab, as perspectivas para a região são promissoras, especialmente com a maior participação no mercado alcooleiro da região Sudeste, principal consumidora do país.
Além disso, a Conab projeta que os investimentos contínuos no setor devem gerar um incremento adicional de 2,5 bilhões de litros de etanol nos próximos quatro anos.
Produção de Cana em Queda
Por outro lado, a produção de etanol a partir da cana-de-açúcar será impactada negativamente por uma safra menor, resultante de um clima mais quente e seco. A estimativa atual para a produção de etanol de cana é de 28,86 bilhões de litros, cerca de 300 milhões de litros acima da previsão de agosto, mas ainda 2,8% menor do que o volume produzido em 2023/24.
A safra de cana-de-açúcar está projetada em 678,67 milhões de toneladas, o que representa uma redução de 4,8% em relação à temporada anterior. Apesar dessa queda, a área cultivada aumentou 4,3%, totalizando 8,7 milhões de hectares.
Impacto no Setor de Açúcar
A redução na safra de cana também afetará a produção de açúcar, estimada em 44 milhões de toneladas, um declínio de 3,7% em relação à safra anterior. A região centro-sul, responsável pela maior parte da produção nacional, deverá produzir 40,3 milhões de toneladas, abaixo das 42,3 milhões de toneladas registradas no ciclo anterior.
Milho em Alta
Enquanto a safra de cana sofre com a queda, o milho segue em trajetória de crescimento. A produção do cereal no Brasil está estimada em 119,81 milhões de toneladas na safra 2024/25, um aumento de 4 milhões de toneladas em relação ao ciclo passado. Esse desempenho reforça a competitividade do milho como matéria-prima para o etanol, especialmente no Mato Grosso.
Biocombustíveis no Centro das Estratégias Energéticas
A expansão do etanol de milho ocorre em um momento em que a Petrobras retoma seu interesse no setor de biocombustíveis, com um plano de investimentos de 2,2 bilhões de dólares até 2029. Essa movimentação reforça o papel estratégico do etanol na matriz energética brasileira, ao mesmo tempo que amplia as oportunidades de crescimento sustentável no mercado.
Perspectivas para o Futuro
Com investimentos em tecnologia, ampliação da capacidade produtiva e a diversificação das matérias-primas, o Brasil consolida sua posição como um dos líderes mundiais na produção de biocombustíveis. O avanço do etanol de milho, em particular, aponta para um futuro promissor, não apenas em termos de sustentabilidade, mas também como um elemento-chave na economia agrícola do país.
A combinação de matéria-prima abundante, inovação industrial e políticas públicas favoráveis cria um ambiente propício para o fortalecimento da produção de etanol no Brasil, garantindo competitividade no mercado interno e externo.