A produtividade média dos canaviais na região Centro-Sul do Brasil registrou uma expressiva queda de 20% em outubro de 2024, comparada ao mesmo período da safra anterior. Dados do Boletim De Olho na Safra, divulgado pelo Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), revelam que foram colhidas, em média, 61,7 toneladas por hectare no mês passado, contra 77,4 toneladas por hectare no mesmo mês de 2023. Apesar do recuo pontual, o rendimento acumulado da safra 2024/25 permanece dentro da média histórica registrada nas últimas dez temporadas.
Redução na Produtividade: Fatores e Contexto
Segundo o CTC, a queda significativa na produtividade em outubro pode estar associada a fatores climáticos, como a irregularidade nas chuvas e temperaturas mais elevadas. Embora o impacto tenha sido evidente no mês analisado, os resultados acumulados indicam um desempenho estável ao longo da safra.
O rendimento médio acumulado da safra 2024/25 atingiu 80,0 toneladas por hectare, valor que está alinhado à média histórica de 79,7 toneladas por hectare, conforme os dados do Programa de Benchmarking do CTC. Essa estabilidade ao longo da temporada reforça a capacidade dos produtores em mitigar os impactos climáticos e ajustar práticas agrícolas para manter a eficiência operacional.
Qualidade da Matéria-Prima em Alta
Apesar da queda na produtividade, a qualidade da cana-de-açúcar mostrou avanço durante a safra. O Açúcar Total Recuperável (ATR), indicador fundamental para medir a quantidade de açúcar extraível por tonelada de cana, registrou uma média acumulada de 138,3 kg de ATR por tonelada. Esse número representa uma melhora em relação aos 137,0 kg/t observados na safra 2023/24.
De acordo com o CTC, o aumento na concentração de ATR é reflexo da menor incidência de chuvas em determinadas regiões, o que favorece o acúmulo de açúcares na planta. Esse cenário beneficia tanto a produção de açúcar quanto a de etanol, gerando impactos positivos para a rentabilidade das usinas, mesmo em um período de menor produtividade.
Desafios para o Setor Sucroenergético
A redução da produtividade em outubro acende um alerta para o setor sucroenergético, que já enfrenta desafios relacionados à sustentabilidade, oscilação de preços no mercado internacional e volatilidade climática. Com o Brasil sendo o maior produtor e exportador de açúcar e etanol do mundo, oscilações na produtividade podem impactar diretamente o equilíbrio entre oferta e demanda global.
Além disso, as condições climáticas adversas exigem investimentos contínuos em tecnologias agrícolas, como variedades de cana mais resistentes, sistemas de irrigação eficientes e práticas de manejo sustentável. Nesse sentido, o papel de instituições como o CTC é crucial para fornecer dados atualizados e promover inovação no setor.
Perspectivas para a Safra 2024/25
Com a produtividade acumulada em linha com a média histórica e a qualidade da matéria-prima em alta, as perspectivas para o restante da safra 2024/25 permanecem otimistas. A expectativa é de que a estabilidade nos rendimentos acumulados possa compensar as perdas pontuais observadas em outubro.
Outro fator que pode influenciar positivamente o mercado é o aumento da eficiência industrial nas usinas, permitindo maior aproveitamento do ATR para a produção de açúcar e etanol. Além disso, a previsão climática para os próximos meses será determinante para consolidar os resultados finais da safra.
A queda de 20% na produtividade dos canaviais do Centro-Sul em outubro ressalta a importância de estratégias agrícolas adaptativas para enfrentar desafios climáticos. Apesar do impacto negativo em curto prazo, o setor sucroenergético brasileiro segue demonstrando resiliência, com indicadores de qualidade e eficiência alinhados às médias históricas.
Acompanhar a evolução da safra e investir em tecnologias continuará sendo essencial para garantir a competitividade do Brasil no mercado global de açúcar e etanol. Com melhorias na qualidade da matéria-prima e resultados consistentes ao longo da temporada, o setor mantém o otimismo para os próximos ciclos de produção.