O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) confirmou, na manhã desta quarta-feira (20), a abertura de quatro novos mercados na China para produtos da agropecuária brasileira. O anúncio oficial segue os acordos firmados pelos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Xi Jinping e consolida mais uma etapa de fortalecimento das relações comerciais entre os dois países.

Entre os novos produtos autorizados para exportação, destacam-se o sorgo, o gergelim, a uva fresca e a farinha de peixe, utilizada na produção de rações para animais. Essa conquista faz parte de uma estratégia mais ampla do Brasil para expandir sua presença no mercado internacional de alimentos e fortalecer sua posição como um dos maiores exportadores globais do setor.

Acordos Firmados e Impacto Econômico

Os protocolos estabelecidos entre o Brasil e a Administração Geral de Aduana da China (GACC) definem os requisitos fitossanitários e sanitários para os produtos exportados. Segundo o Mapa, a diversificação da pauta de exportação beneficia produtores de diferentes regiões do Brasil, consolidando oportunidades de negócios para o Nordeste, Sul e outras regiões produtoras.

De acordo com a Secretaria de Comércio e Relações Internacionais do Mapa, o potencial comercial estimado desses novos acordos é de cerca de US$ 450 milhões anuais. Quando outras variantes de mercado são consideradas, essa cifra pode ultrapassar US$ 500 milhões por ano.

O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, enfatizou a confiança internacional no Brasil como um grande fornecedor de alimentos e energia renovável. “Temos tecnologia, recursos humanos capacitados e condições de intensificar nossa produção com sustentabilidade. Este é mais um exemplo de como o Brasil pode ampliar suas parcerias estratégicas com grandes potências como a China”, afirmou.

Mercado Chinês: Uma Oportunidade de Expansão

A China, maior importador global de farinha de pescado e gergelim, apresenta um enorme potencial para os produtos brasileiros. O Brasil, atualmente na sétima posição entre os maiores exportadores de gergelim, poderá aumentar significativamente sua participação no mercado chinês, que já representa US$ 7 bilhões anuais em importações desses quatro produtos.

Além disso, a demanda chinesa por uvas frescas, especialmente as variedades premium, oferece uma oportunidade estratégica para produtores brasileiros. Em 2023, a China importou mais de US$ 480 milhões em uvas frescas, e os estados de Pernambuco e Bahia devem liderar as exportações do Brasil, atendendo a rigorosos padrões de boas práticas agrícolas.

Requisitos para Exportação

Para garantir o acesso ao mercado chinês, produtores e empresas exportadoras brasileiras precisam atender a critérios específicos:
  • Farinha e óleo de peixe: Empresas devem implementar o sistema APPCC (Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle) ou outro sistema baseado nos princípios do APPCC, com capacidade de rastreabilidade e recall dos produtos. Além disso, a matéria-prima deve ser proveniente de pescados capturados em zonas marítimas nacionais ou internacionais, ou ainda de aquicultura.
  • Uvas frescas: Pomares e instalações de embalagem devem seguir práticas agrícolas rigorosas e ser registrados junto ao Mapa.

Essas exigências, além de garantir qualidade e segurança, reforçam a competitividade dos produtos brasileiros no mercado global.

O Brasil e a Expansão do Agro no Cenário Global

Desde 2023, o Brasil conquistou 281 mercados agropecuários internacionais, destacando-se como líder em exportação de alimentos. Com os novos acordos com a China, o país consolida sua posição de confiança e capacidade produtiva sustentável.

A diversificação das exportações para um dos maiores mercados consumidores do mundo demonstra não apenas a força do agronegócio brasileiro, mas também a eficiência das relações diplomáticas entre Brasil e China.

Para o setor agropecuário nacional, os próximos anos prometem um cenário de ainda maior integração e crescimento no comércio global, impulsionando economias regionais e promovendo o Brasil como potência mundial no fornecimento de alimentos.