A batata, um dos itens básicos na mesa dos brasileiros, vem apresentando queda de preços nas últimas semanas, segundo levantamento da equipe Hortifrúti/Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada). Entre os dias 28 de outubro e 1º de novembro, os preços da batata tipo ágata especial caíram pela terceira semana consecutiva nos principais mercados atacadistas do país, mesmo em meio a chuvas e a um cenário climático que poderia ter dificultado a colheita e oferta.

A média dos preços no atacado de São Paulo (SP) foi de R$ 89,87 por saca de 25 kg, uma redução de 7,79% em comparação com o período anterior. Em Belo Horizonte (MG), o preço recuou para R$ 76,86, representando uma queda de 2,29%. No Rio de Janeiro (RJ), a redução foi ainda mais expressiva, com o valor da saca chegando a R$ 81,00, uma diminuição de 11,23%. O levantamento indica uma combinação de fatores relacionados ao aumento da oferta, especialmente devido à colheita acelerada em regiões produtoras, como o Sul de Minas, onde o plantio da soja e do milho impulsionou a retirada mais rápida das lavouras de batata.

Clima e Logística Favorecem Maior Oferta de Batata no Mercado

A maior entrada de batatas no entreposto do Rio de Janeiro, por exemplo, se deu em grande parte pelo ritmo intenso de colheita no Sul de Minas, região conhecida pela expressiva produção do tubérculo. Conforme os pesquisadores do Hortifrúti/Cepea, essa antecipação é motivada pela proximidade do calendário de plantio de soja e milho, o que exige que os produtores liberem suas áreas para iniciar as próximas culturas. Dessa forma, a oferta no mercado aumentou, pressionando os preços para baixo.

Nas regiões de São Paulo e Minas Gerais, as chuvas observadas no fim e no início da semana limitaram temporariamente a entrada do produto vindo do Triângulo Mineiro. No entanto, a entrada de batatas do Sul de Minas e do Cerrado Mineiro conseguiu manter a oferta elevada, garantindo preços mais acessíveis ao consumidor final.

Trigo Também Sofre Queda de Preço em Outubro, mas Ainda Está Acima do Valor do Ano Anterior

Assim como a batata, o trigo também passou por uma queda de preços em outubro. A redução dos preços no mercado doméstico reflete o avanço da colheita e o consequente aumento na disponibilidade do cereal. Esse movimento foi verificado mesmo com o valor interno do trigo operando abaixo do custo de importação, situação sustentada pela valorização do dólar em relação ao real, o que torna o trigo importado mais caro e favorece o consumo do produto nacional.

Segundo dados do Cepea, apesar dessa recente redução, o preço do trigo no mercado interno ainda está, em termos reais, acima do valor registrado em outubro do ano passado. O cenário atual é influenciado pelo aumento do custo de produção e pela demanda interna ainda forte, além de fatores cambiais que encarecem a importação.

Análise do Mercado e Perspectivas

O cenário de preços para a batata nos próximos meses pode ser impactado por variações climáticas, uma vez que as chuvas intensas podem afetar tanto a colheita quanto o transporte do tubérculo. Além disso, a necessidade de liberar áreas para o plantio de outras culturas pode manter a oferta em níveis elevados, como ocorreu recentemente. Esse quadro contribui para uma maior estabilidade ou até uma possível continuidade na queda dos preços, beneficiando os consumidores no curto prazo.

Já para o trigo, a valorização do dólar frente ao real e o aumento da demanda global pelo cereal podem manter o preço doméstico em patamares relativamente altos, mesmo com o avanço da colheita no Brasil. A situação pode ser particularmente benéfica para os produtores nacionais, que encontram no mercado interno uma alternativa interessante diante dos custos de importação. Ainda assim, o setor segue atento às flutuações cambiais e às políticas de importação, que podem afetar diretamente o preço do produto.

Conclusão: Efeitos dos Preços no Mercado e no Consumidor Final

As consecutivas quedas nos preços da batata e a recente baixa no preço do trigo no mercado interno indicam um alívio para o consumidor, que pode encontrar esses produtos a preços mais competitivos. Contudo, a dependência climática e as variações cambiais seguem como fatores de influência significativa nesse cenário. Para os produtores de batata, a aceleração da colheita e o planejamento das safras de soja e milho são elementos-chave para o ritmo de produção e oferta do tubérculo.

No caso do trigo, a valorização do dólar cria uma barreira para a importação, incentivando o consumo da produção nacional, mas ainda com preços superiores ao do ano passado. Dessa forma, o impacto no custo dos derivados, como farinha e pão, pode não ser imediatamente sentido pelo consumidor, mas a tendência é que o mercado encontre algum equilíbrio no médio prazo.

Em resumo, o mercado agrícola brasileiro passa por um momento de ajustes, com os preços da batata caindo devido à maior oferta no Sudeste, enquanto o trigo, embora em queda, ainda permanece valorizado em comparação ao ano anterior. Para o consumidor final, o cenário representa um alívio em alguns itens essenciais, mas o acompanhamento de variáveis climáticas e econômicas será fundamental para projetar as tendências dos preços nos próximos meses.