O mês de outubro trouxe um movimento expressivo de valorização para o mercado do boi gordo, com aumentos significativos na arroba do boi nas principais praças de comercialização do Brasil. Esse cenário foi impulsionado pela alta do dólar e o aquecimento das exportações, que mantiveram o mercado dinâmico e elevaram os preços a níveis recordes na atual temporada. Com isso, o mercado físico encerrou o mês com alta generalizada nos preços da arroba, alimentando expectativas de continuidade dessa tendência para novembro.
Fatores que impulsionaram a alta nos preços
O mercado interno do boi gordo se beneficiou de dois fatores decisivos: o câmbio e o forte ritmo das exportações. Segundo o analista Fernando Iglesias, esses elementos foram determinantes para a alta dos preços. A valorização do dólar frente ao real fez com que as exportações se tornassem mais atrativas para os frigoríficos, incentivando-os a destinarem uma maior parcela de sua produção ao mercado externo, onde os preços são mais vantajosos. Ao mesmo tempo, a dificuldade em compor as escalas de abate nas indústrias contribuiu para essa elevação dos preços.
As exportações brasileiras de carne bovina vêm apresentando um crescimento consistente, com destaque para os embarques para a China e outros mercados asiáticos, que continuam com uma demanda aquecida. Iglesias comenta que as exportações permanecem sendo o “grande motor” do aumento de preços e que, para o curto prazo, ainda há perspectiva de continuidade nesse movimento de valorização.
Preços da arroba em outubro
Os preços da arroba do boi gordo fecharam outubro com elevações significativas, que variaram de 16% a 26% nas principais praças do país. Confira os valores registrados no final do mês:
• São Paulo (Capital): R$ 325, uma alta de 16,07% em relação aos R$ 280 do fechamento de setembro.
• Goiás (Goiânia): R$ 315, avanço de 16,67% frente aos R$ 270 de setembro.
• Minas Gerais (Uberaba): R$ 320, aumento de 18,52% ante os R$ 270 de setembro.
• Mato Grosso do Sul (Dourados): R$ 320, valorização de 16,36% sobre os R$ 275 de setembro.
• Mato Grosso (Cuiabá): R$ 310, com um salto de 26,53% frente aos R$ 245 registrados no mês anterior.
• Rondônia (Vilhena): R$ 300, aumento de 17,65% em comparação aos R$ 255 do fechamento de setembro.
Esses valores refletem a dinâmica de alta no mercado físico, com cada praça apresentando variações conforme as especificidades regionais de oferta e demanda. A maior valorização foi registrada em Cuiabá (Mato Grosso), com um aumento expressivo de 26,53%, demonstrando a pressão da demanda sobre a oferta disponível.
Tendências para o mercado atacadista
O mercado atacadista também acompanhou o movimento de valorização da carne bovina, refletindo o cenário restrito de oferta de carne e o impacto positivo das exportações. Os cortes traseiros e dianteiros, que são bastante demandados tanto internamente quanto para exportação, apresentaram variações significativas em seus preços.
Em outubro, o quarto traseiro teve um aumento de 17,59%, passando de R$ 19,90 para R$ 23,40 por quilo. Já o quarto dianteiro registrou alta de 15,51%, com o valor subindo de R$ 15,15 para R$ 17,50 o quilo.
A elevação no preço da carne bovina impacta também as proteínas concorrentes, como a carne de frango e a carne suína, que podem ter alta nos preços em função do ajuste da oferta. A redução na disponibilidade de carne bovina, somada ao aumento da demanda, tende a pressionar o mercado de proteínas como um todo, o que também influencia o poder de escolha do consumidor.
Expectativas para novembro
As expectativas para o mês de novembro permanecem otimistas para os produtores e frigoríficos que operam com o boi gordo. O cenário de câmbio favorável para exportações continua, e a demanda externa se mostra estável e aquecida. A manutenção dos preços elevados, no entanto, dependerá de como a oferta doméstica se comportará nas próximas semanas, assim como da dinâmica de negociação dos frigoríficos para as escalas de abate.
O mercado segue atento às possíveis oscilações na taxa de câmbio, já que uma valorização mais acentuada do real frente ao dólar poderia reduzir a competitividade das exportações brasileiras, redirecionando parte da produção para o mercado interno e causando uma possível acomodação nos preços da arroba.
Por outro lado, caso o dólar continue elevado, a pressão pela destinação da produção ao mercado externo tende a persistir, o que manteria os preços da arroba em patamares elevados. Outro fator de atenção é o comportamento dos grandes compradores internacionais, principalmente a China, que tem grande influência sobre o volume de exportações brasileiras de carne bovina.
O mês de outubro confirmou uma tendência de alta para a arroba do boi gordo, com aumentos que chegaram a 26,5% em algumas regiões do país, impulsionados pela valorização do dólar e pelo aquecimento das exportações. Para novembro, o mercado sinaliza uma possível continuidade desse movimento, embora dependa de fatores como o comportamento do câmbio e o equilíbrio entre oferta e demanda internas.
Produtores e frigoríficos seguem atentos aos desdobramentos no mercado internacional e às possíveis flutuações cambiais, que podem impactar diretamente a competitividade da carne brasileira no exterior. Acompanhando esses fatores, o setor pecuário avalia com otimismo as oportunidades de expansão e valorização da arroba do boi no curto prazo, impulsionado pelo contexto favorável das exportações e pela sólida demanda global.