A agricultura no Oeste da Bahia continua a se destacar como uma das principais forças econômicas da região, com a soja, o algodão e o sorgo liderando a expansão das lavouras na safra 2024/2025. Em contrapartida, o milho está em retração, resultado de fatores econômicos que desestimularam o cultivo. Segundo levantamento divulgado pela Secretaria da Agricultura, Pecuária, Irrigação, Pesca e Aquicultura da Bahia (Seagri BA), em conjunto com a Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (AIBA), a área cultivada de soja e algodão apresentou crescimento significativo, consolidando a região como um polo agrícola de destaque no Brasil.
Soja Continua como Principal Cultura no Oeste da Bahia
A soja, principal cultura da região, se destacou no levantamento divulgado nesta quinta-feira (17) pela Seagri BA. A previsão para a safra 2024/2025 é de que a área plantada com soja no Oeste baiano atinja 2,129 milhões de hectares, um crescimento de 7,5% em relação à safra anterior. Este aumento reforça a relevância da cultura para a economia agrícola da Bahia e sua contribuição para o agronegócio brasileiro.
O avanço do plantio de soja, que já está autorizado pela Agência de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab), registrou uma semeadura de aproximadamente 134 mil hectares. No entanto, apesar desse progresso, os produtores enfrentaram dificuldades nas últimas semanas devido às altas temperaturas, o que forçou o adiamento do plantio em algumas áreas. As previsões indicam que as chuvas devem se intensificar nos próximos dias, o que deverá acelerar o ritmo da semeadura e melhorar as condições de desenvolvimento das lavouras.
A soja responde atualmente por 66,5% das lavouras de grãos monitoradas no Oeste da Bahia, com uma expectativa de produtividade média de 67 sacas por hectare. Contudo, os desafios climáticos, como a irregularidade das chuvas e as altas temperaturas, podem impactar a produtividade final.
Algodão Aumenta Área de Plantio em 10%
O algodão é outra cultura que apresentou um expressivo crescimento na Bahia. De acordo com o levantamento da AIBA, a área plantada de algodão deverá alcançar 380 mil hectares, um aumento de 10% em relação à safra anterior. Este aumento reflete o potencial da região para a produção de algodão, cultura que tem grande relevância no mercado global de commodities, principalmente devido à qualidade do produto brasileiro.
A expansão da área de algodão também está associada a uma maior demanda internacional e a preços competitivos, o que motiva os produtores a investir na cultura. O Oeste baiano, com suas condições climáticas favoráveis e práticas agrícolas avançadas, continua a consolidar sua posição como um dos principais produtores de algodão no país.
Milho Sofre Retração Devido à Queda nos Preços
Em contrapartida, o milho sofreu uma retração significativa na safra 2024/2025. Segundo o relatório da Seagri BA, a área destinada ao milho no Oeste da Bahia deve encolher em 8,9%, chegando a 123 mil hectares. A queda no preço do cereal, combinada com os altos custos de produção e a baixa rentabilidade, foi determinante para que muitos produtores optassem por reduzir o plantio de milho.
Essa retração reflete uma tendência nacional, onde o milho enfrenta desafios devido à volatilidade dos preços no mercado. No entanto, o milho continua a ser uma cultura estratégica para a produção de ração animal e biocombustíveis, mas sua competitividade frente a outras commodities agrícolas, como soja e algodão, tem sido menor.
Sorgo Cresce e Se Consolida como Alternativa Viável
Por outro lado, o sorgo, uma cultura alternativa de grande importância para o setor de grãos, apresentou um crescimento de 6,7% em área plantada, atingindo 160 mil hectares. O sorgo tem se mostrado uma opção viável para os produtores da região, principalmente em áreas que enfrentam dificuldades climáticas, como a escassez de chuvas.
Com a crescente demanda por sorgo no mercado de rações, a cultura tem se consolidado como uma alternativa estratégica para diversificar a produção e minimizar riscos climáticos. Além disso, o sorgo é uma cultura menos exigente em termos de água, o que o torna uma opção atrativa em regiões onde as condições hídricas são mais limitadas.
Desafios Climáticos e Econômicos
Apesar do crescimento geral das áreas plantadas de soja, algodão e sorgo, os desafios climáticos permanecem uma preocupação para os agricultores do Oeste baiano. A irregularidade das chuvas e as altas temperaturas observadas nas últimas semanas podem afetar o desenvolvimento das lavouras, impactando diretamente a produtividade final das culturas.
A previsão de chuvas nos próximos dias é vista como um alívio para os produtores, pois a semeadura poderá avançar com mais segurança e as lavouras terão condições melhores para se desenvolver. No entanto, a expectativa é que o clima continue a ser um fator determinante para o desempenho da safra 2024/2025.
O Oeste da Bahia reafirma sua importância no cenário agrícola brasileiro com a expansão das áreas de soja, algodão e sorgo, mesmo diante dos desafios climáticos e econômicos. O crescimento dessas culturas, aliado à retração do milho, reflete as dinâmicas do mercado agrícola e a capacidade dos produtores baianos de se adaptarem às novas condições de mercado.
A soja, com seu aumento de 7,5% na área plantada, e o algodão, com expansão de 10%, consolidam o protagonismo do Oeste da Bahia na produção de grãos e fibras. Ao mesmo tempo, o sorgo se mostra como uma alternativa resiliente em tempos de mudanças climáticas. A retração do milho, por sua vez, ressalta os desafios enfrentados pelos produtores na busca por rentabilidade.
A região continua a desempenhar um papel essencial na segurança alimentar e na economia agrícola do país, sendo líder no Nordeste e uma referência nacional na produção de grãos.