O Brasil, maior produtor e exportador de soja do mundo, está com expectativas positivas para a safra 2023/2024, impulsionadas pelas previsões de chuvas regulares para o mês de outubro. Segundo a consultoria Safras & Mercado, o cenário climático favorável deverá garantir um bom desenvolvimento da lavoura, mesmo após um início mais seco, sobretudo nas regiões centrais do país.
Chuvas e janela de plantio
Os modelos climáticos para os próximos 15 dias indicam volumes significativos de chuva em várias regiões agrícolas do Brasil, especialmente nas áreas de Cerrado, onde se concentra grande parte do plantio da soja. De acordo com o agrometeorologista da Safras & Mercado, as chuvas começarão a regularizar-se entre os dias 8 e 10 de outubro, proporcionando um alívio para os agricultores que aguardam a umidade ideal no solo para iniciar o plantio em grande escala.
Até o início de outubro, a falta de chuvas vinha sendo motivo de preocupação. Uma massa de ar polar persistente no sul do Brasil impediu que frentes frias avançassem para as demais regiões. Contudo, uma nova frente fria prevista para o dia 7 de outubro deverá romper esse padrão de seca, permitindo a retomada das chuvas em todo o território nacional.
O agrometeorologista destaca que a janela ideal para o plantio da soja no Cerrado brasileiro se estende do dia 5 até o dia 25 de outubro. Portanto, embora o início do plantio tenha sido ligeiramente adiado, ainda há tempo suficiente para garantir boas condições de desenvolvimento para a safra. Segundo ele, o plantio realizado nesse período está dentro da “melhor janela fisiológica e produtiva”, garantindo que as plantas aproveitem ao máximo os recursos naturais.
Impacto do atraso no plantio
O consultor Paulo Molinari, da Safras & Mercado, reforça que o atraso no plantio, em si, não deve ser motivo de alarde para o mercado. Ele explica que, apesar do estresse gerado por qualquer adiamento nas operações de campo, a soja plantada em outubro e novembro muitas vezes apresenta um potencial produtivo superior àquela plantada precocemente em setembro.
Isso se deve ao fato de que as condições climáticas, especialmente o volume de chuvas, tendem a ser mais favoráveis durante os últimos meses do ano. “Se as previsões climáticas se confirmarem, a safra de soja deste ano pode superar as expectativas, mesmo com o início do plantio um pouco atrasado”, afirma Molinari.
Safra robusta à vista?
Com as condições climáticas projetadas para outubro e novembro, o Brasil está caminhando para uma grande safra de soja em 2024. Caso as chuvas se mantenham regulares, com intervalos de cinco a sete dias entre cada precipitação, os agricultores poderão trabalhar com mais segurança e tranquilidade. Além disso, o regime hídrico adequado também favorece o controle de pragas e doenças, problemas frequentes em anos de seca prolongada.
O clima desempenha um papel fundamental no sucesso da produção de soja, e o Brasil já enfrentou safras desafiadoras em decorrência de secas severas ou chuvas excessivas em momentos críticos do ciclo da cultura. No entanto, o cenário atual parece ser otimista, o que poderá contribuir para um bom desempenho no campo e nas exportações.
Vale lembrar que o Brasil teve uma produção recorde de soja em 2023, com mais de 150 milhões de toneladas colhidas. Esse desempenho consolidou ainda mais o país como um dos principais fornecedores globais da oleaginosa, atendendo especialmente mercados como China e Europa.
Riscos climáticos para a colheita
Apesar do otimismo em relação ao plantio, os especialistas alertam para a possibilidade de desafios na fase de colheita. De acordo com o agrometeorologista, há um risco de ocorrência de um período de invernada — uma sequência prolongada de dias chuvosos — entre os meses de janeiro e fevereiro de 2024. Caso isso ocorra, a colheita pode ser prejudicada, aumentando o nível de estresse no mercado, especialmente com relação ao cumprimento de contratos e prazos de exportação.
“O excesso de chuvas durante a colheita pode impactar diretamente a qualidade dos grãos, além de atrasar as operações no campo, o que é um fator preocupante para os produtores. Estamos de olho nessas previsões para ajustar nossas projeções de safra e aconselhar os agricultores sobre possíveis estratégias de mitigação”, explica o especialista.
Com a chegada das chuvas em outubro, o Brasil se prepara para mais uma safra promissora de soja. A expectativa é que o volume de precipitações nas próximas semanas normalize as condições de solo e permita o avanço do plantio nas principais regiões produtoras do país. Mesmo com o atraso inicial, o potencial produtivo da safra segue elevado, com projeções otimistas caso o padrão climático se mantenha favorável.
No entanto, a cautela ainda é necessária, principalmente em relação à fase de colheita, que poderá enfrentar desafios devido à previsão de invernada. A confirmação desse cenário ao longo dos próximos meses será determinante para o desfecho da safra de 2024, que tem tudo para ser mais uma grande conquista do agronegócio brasileiro.