Nos últimos meses, o aumento dos ataques de onças a propriedades rurais na região de Umuarama, no Paraná, tem gerado grande preocupação entre os moradores. O Escritório Regional do Instituto Água e Terra (IAT) de Umuarama registrou cerca de 15 ocorrências recentes, afetando distritos e municípios próximos, como Serra dos Dourados, Santa Eliza, Cruzeiro do Oeste, Iporã, Francisco Alves, Tapejara, Maria Helena e Cianorte.
Esse cenário tem deixado os proprietários rurais em estado de alerta, principalmente após ataques que resultaram na morte de dezenas de animais. Segundo o IAT, as onças têm atacado galinhas, patos, gansos e até mesmo animais de grande porte, como bois e vacas. A tendência de aumento nesses ataques tem gerado preocupação nas autoridades e nos moradores da região, que enfrentam dificuldades em conter os avanços dos animais.
Ataques em Propriedades Rurais
Um dos casos mais recentes ocorreu em uma propriedade rural na Estrada Primavera, próxima à famosa Torre Eiffel de Umuarama. O proprietário, um idoso de 70 anos que preferiu não se identificar, relatou que, em duas madrugadas consecutivas, nos dias 25 e 26 do último mês, sua propriedade foi invadida por uma onça, resultando na morte de dezenas de seus animais de criação. O idoso buscou ajuda do Escritório Regional do IAT após os ataques, preocupando-se com novos incidentes.
Vilson Simplicio dos Santos, fiscal do IAT com mais de 40 anos de experiência, relatou ao Umuarama Ilustrado que uma equipe foi enviada ao local para investigar o ocorrido e confirmar a presença de uma onça. Segundo ele, o aumento no número de ataques é uma tendência recente e alarmante. “Nossos fiscais fizeram registros no local e orientaram os moradores sobre as medidas que podem ser tomadas para evitar novos ataques e proteger suas propriedades”, explicou Simplicio.
O fiscal também destacou a crescente demanda por armadilhas para capturar onças, o que tem dificultado o trabalho da equipe do IAT. “Infelizmente, não temos mais armadilhas para fornecer aos proprietários, dada a alta demanda. A nossa regional de Umuarama atende 21 municípios da região”, comentou o fiscal. Isso revela o quanto a situação se agravou e como a população local está vulnerável.
Casos Mais Graves e Impactos para os Moradores
Um dos episódios mais críticos ocorreu no distrito de Serra dos Dourados, onde as onças têm atacado com frequência, inclusive grandes rebanhos. Em uma propriedade, foram registradas 40 mortes de animais, entre carneiros, porcos, galinhas e gansos. O prejuízo para os moradores é significativo, afetando tanto a economia local quanto a sensação de segurança nas propriedades rurais.
Segundo Vilson Simplicio, a captura desses animais tem se mostrado desafiadora. Apesar de terem capturado duas onças em Lovat e Iporã com o uso de armadilhas, a equipe do IAT enfrenta dificuldades para dar conta da demanda. “Não é fácil capturar esses animais, eles são ágeis e inteligentes”, afirmou. Ele também ressaltou que a falta de alimentos no habitat natural das onças e os incêndios florestais são as principais razões para o aumento das incursões desses felinos em áreas habitadas.
Fatores Contribuintes para os Ataques
Os incêndios florestais em áreas de mata têm contribuído para o deslocamento das onças em busca de novos territórios e fontes de alimento, o que as leva a invadir propriedades rurais e, em alguns casos, até zonas urbanas próximas. As onças, normalmente restritas a áreas de mata densa, têm sido vistas com mais frequência em áreas próximas a habitações humanas devido à redução de suas presas naturais.
Vilson Simplicio alerta que, embora a captura desses animais seja uma medida de controle, o ideal é buscar alternativas para que as onças retornem a seus habitats naturais. O impacto ambiental causado pelas queimadas e pela destruição de áreas de preservação tem sido um agravante significativo na atual crise de ataques.
Recomendações e Medidas Preventivas
O Instituto Água e Terra, responsável pela preservação da fauna silvestre no Paraná, emitiu uma série de orientações para que os moradores das áreas afetadas evitem contato com as onças e sigam medidas de segurança. O biólogo Mauro Britto, do IAT, recomenda que, ao avistar uma onça, os moradores acionem imediatamente o órgão ambiental. “Não é permitido o uso de armadilhas por conta própria, pois isso pode configurar crime ambiental”, alerta Britto.
Ele também destaca que, apesar de as onças serem vistas como uma ameaça, elas desempenham um papel essencial no equilíbrio ecológico. O biólogo lembrou que, embora os ataques causem prejuízos, o número de ocorrências com onças é inferior quando comparado a outras causas comuns de perdas em propriedades rurais, como doenças, desnutrição e acidentes de manejo. Assim, é necessário que os moradores sigam medidas preventivas, como a instalação de luzes e alarmes nas propriedades, para minimizar os riscos.
O IAT reforça que a população deve seguir as orientações dos técnicos e evitar intervenções não autorizadas, como o uso de armas de fogo ou armadilhas ilegais, a fim de garantir a segurança de todos e preservar a fauna local.
Os ataques de onças em propriedades rurais na região de Umuarama são um reflexo de problemas ambientais mais amplos, como a destruição de habitats e a escassez de alimentos nas áreas florestais. As autoridades e especialistas continuam a buscar soluções que minimizem os impactos para os proprietários rurais, sem comprometer a preservação da fauna silvestre. Para os moradores, a principal recomendação é seguir as orientações do IAT e adotar medidas preventivas para garantir a segurança das propriedades e dos animais.