O governador do Pará, Helder Barbalho, decretou estado de emergência nesta terça-feira (27) devido ao aumento alarmante dos focos de queimadas no estado. A decisão vem após uma série de notas técnicas emitidas pelo Centro Nacional de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais (Cemaden) e pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Pará (Semas), que apontaram para uma situação crítica de seca e a influência do fenômeno climático La Niña, que tem exacerbado os incêndios florestais na região.
A Gravidade da Situação
De acordo com dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o Pará registrou 14,7 mil focos de queimadas nos primeiros oito meses deste ano. Esse número é alarmante e indica um aumento significativo em relação aos anos anteriores, colocando em risco não apenas a biodiversidade da região, mas também a saúde das populações locais e o equilíbrio climático.
As queimadas são um problema recorrente na Amazônia durante a estação seca, mas em 2024, a situação foi agravada pela escassez de chuvas e pelas condições meteorológicas desfavoráveis associadas ao La Niña. Esse fenômeno climático, caracterizado pelo resfriamento das águas do Oceano Pacífico Equatorial, altera os padrões de precipitação na Amazônia, resultando em menos chuvas e aumentando o risco de incêndios florestais.
Medidas Adotadas pelo Governo do Pará
Diante dessa situação, o decreto do governador Helder Barbalho proíbe o uso de fogo para limpeza e manejo de áreas em todo o território estadual por um período de 180 dias. Essa medida é uma tentativa de conter o avanço das queimadas e proteger as florestas do estado.
A proibição, no entanto, não se aplica a todos os casos. Exceções são feitas para a agricultura de subsistência de populações tradicionais e indígenas, controle fitossanitário e pesquisas científicas autorizadas por órgãos ambientais. Essa decisão visa respeitar as práticas culturais e tradicionais das comunidades locais, ao mesmo tempo em que garante que essas atividades sejam realizadas de forma controlada e segura, minimizando o risco de incêndios.
Sanções para Quem Descumprir as Regras
O decreto prevê sanções penais, administrativas e civis para quem descumprir as determinações. As penalidades variam desde multas pesadas até a detenção dos responsáveis, dependendo da gravidade da infração. Essas medidas têm como objetivo desincentivar o uso ilegal do fogo e promover a conscientização sobre a importância da preservação ambiental.
A fiscalização será intensificada em todo o estado, com a participação de órgãos como a Semas, o Corpo de Bombeiros Militar do Pará, e a Polícia Militar. O governo estadual também conta com o apoio da sociedade civil e das comunidades locais para denunciar atividades ilegais e colaborar na proteção das florestas.
Impactos Ambientais e Sociais das Queimadas
As queimadas têm um impacto devastador sobre o meio ambiente e a sociedade. Além de destruir a vegetação nativa, elas liberam grandes quantidades de dióxido de carbono na atmosfera, contribuindo para o aquecimento global. A fumaça resultante também é prejudicial à saúde humana, causando problemas respiratórios e outras doenças.
No Pará, as queimadas afetam diretamente as comunidades indígenas e ribeirinhas, que dependem da floresta para sua subsistência e cultura. A destruição das florestas ameaça sua segurança alimentar, além de colocar em risco suas tradições e modo de vida.
A Importância da Conscientização e da Educação Ambiental
Para combater efetivamente as queimadas e proteger o meio ambiente, é fundamental que haja um esforço conjunto de todos os setores da sociedade. A educação ambiental desempenha um papel crucial nesse processo, promovendo a conscientização sobre os impactos das queimadas e a importância da conservação das florestas.
O governo do Pará, juntamente com organizações não governamentais e entidades de defesa do meio ambiente, está investindo em campanhas educativas para sensibilizar a população sobre os perigos do uso indiscriminado do fogo e as alternativas sustentáveis para o manejo da terra.
O decreto de estado de emergência e a proibição do uso de fogo em pastagens no Pará são medidas urgentes e necessárias para enfrentar a crise das queimadas no estado. No entanto, para que essas ações sejam eficazes, é essencial o apoio de toda a sociedade na promoção de práticas sustentáveis e na defesa do meio ambiente.
A proteção das florestas amazônicas não é apenas uma responsabilidade do governo, mas de todos nós. Apenas com um esforço coletivo seremos capazes de preservar esse patrimônio natural para as futuras gerações e garantir um futuro mais sustentável para o planeta.