Em julho de 2024, o mercado atacadista brasileiro registrou uma queda significativa nos preços da maioria das hortaliças e frutas, de acordo com o 8º Boletim do Programa Brasileiro de Modernização do Mercado Hortigranjeiro (Prohort), divulgado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Essa tendência, que repete o movimento observado no mês anterior, reflete o aumento da oferta de produtos nos principais mercados atacadistas do país, o que impactou diretamente os preços.
A análise da Conab destaca que a média ponderada de preços de alguns produtos caiu drasticamente em relação ao mês de junho. Entre as hortaliças, a cenoura e o tomate se destacaram, com quedas de 47,69% e 43,96%, respectivamente. Esse movimento de redução de preços é atribuído principalmente ao aumento da oferta desses produtos nas Centrais de Abastecimento (Ceasas) monitoradas pela Conab.
Hortaliças: Impacto da Oferta na Queda de Preços
A cenoura apresentou a maior queda de preço entre as hortaliças analisadas. A oferta do produto aumentou 8,9% em julho, em comparação com o mês anterior, com a produção distribuída por diferentes regiões do país, o que contribuiu para a diminuição dos preços. O tomate, por sua vez, teve uma oferta 13% superior a junho, registrando o maior volume disponível entre os meses de 2024, o que também resultou em uma queda acentuada nos preços.
Outro destaque foi a batata, cujo preço caiu devido à entrada da safra de inverno. Essa safra reverteu a tendência de alta observada nos meses anteriores. Na Ceasa de Rio Branco, o preço da batata caiu 35,57%, enquanto na Central de Fortaleza a queda foi de 17,22%. No entanto, é importante destacar que, apesar dessa queda em julho, os preços da batata ainda estão em patamares elevados em relação ao ano anterior. Por exemplo, na Ceagesp (SP), o preço médio da batata em julho de 2023 era de R$ 3,46/kg, enquanto em julho de 2024 chegou a R$ 5,82/kg, um aumento de 68%.
No caso da cebola, a média ponderada de preços diminuiu 11,14% em julho, com a maior queda registrada na Ceasa do Acre (-28,69%). A Conab atribui essa redução ao aumento da oferta nas Ceasas analisadas, que teve alta de quase 5% em relação a junho. Esse crescimento na oferta, somado à diversificação das áreas produtoras, resultou na diminuição contínua dos preços.
A alface, por outro lado, apresentou uma variação mais moderada nos preços. A média ponderada foi positiva em 1% em relação a junho, devido a aumentos significativos nos preços na Ceasa de Fortaleza (28,56%) e à estabilidade em outras regiões. Entretanto, em sete Ceasas houve queda de preço, sendo as mais expressivas em Brasília (-28,28%) e em Minas Gerais (-23,74%).
Frutas: Oferta Aumentada e Demanda Retraída
Entre as frutas, a Conab identificou uma tendência generalizada de queda nos preços em julho, impulsionada principalmente pelo aumento da oferta e pela retração na demanda devido às férias escolares. A banana, maçã, mamão e melancia registraram quedas de preço de 2,31%, 2,66%, 19,57% e 3,27%, respectivamente.
No caso do mamão, a queda acentuada dos preços é explicada pela colheita em novas plantações e pelo clima favorável para o desenvolvimento das frutas, especialmente no norte do Espírito Santo e no sul da Bahia. Com o aumento da oferta, os produtores foram obrigados a controlar o envio da fruta ao mercado, a fim de evitar uma desvalorização ainda maior.
A maçã também registrou redução de preços, mesmo com uma menor oferta. A demanda reduzida durante o período de férias escolares contribuiu para essa queda nos preços. Já a banana, particularmente as variedades prata e nanica, teve aumento na comercialização, o que resultou em oscilações nos preços.
A melancia, por sua vez, viu um aumento no volume comercializado nas Ceasas, especialmente devido à boa produção em Ceres (GO) e em regiões do Tocantins. No entanto, a demanda mais baixa, associada ao clima frio e às férias escolares, resultou em uma leve queda nos preços.
Contrariando a tendência das demais frutas, a laranja apresentou um aumento de 6,91% na média ponderada de preços em julho. Esse incremento é atribuído à alta demanda para o processamento da fruta, em um contexto de baixos estoques de suco, o que impactou os preços tanto no atacado quanto no varejo.
Exportações de Frutas
No cenário internacional, o volume total de frutas exportadas pelo Brasil nos primeiros sete meses de 2024 foi de 491,8 mil toneladas, uma queda de 7,62% em comparação ao mesmo período de 2023. Apesar dessa redução, o faturamento alcançou US$ 628,89 milhões, um aumento de 3,73% em relação ao ano anterior.
A diminuição no volume exportado é atribuída à menor oferta de frutas como manga e uva, que são importantes na pauta de exportação brasileira. Contudo, a expectativa da Conab é de que o pico de embarques ocorra no segundo semestre, o que deve aumentar tanto o volume quanto o faturamento das exportações até o final do ano.
O mês de julho de 2024 foi marcado por uma queda generalizada nos preços de hortaliças e frutas no mercado atacadista brasileiro, impulsionada pelo aumento da oferta e pela demanda retraída. A Conab continua monitorando essas variações, fornecendo dados cruciais para entender as dinâmicas de preços e a oferta de produtos agrícolas no país.