China e México Retomam Compras de Carne de Frango do Brasil

No contexto da crescente demanda global por proteínas animais, o Brasil se destaca como um dos principais exportadores de carne de frango, atendendo a mercados estratégicos como a China e o México. No entanto, recentes embargos impostos a produtos avícolas provenientes do Rio Grande do Sul têm levantado preocupações na cadeia produtiva brasileira. Durante o Salão Internacional de Proteína Animal (Siavs), realizado em São Paulo, surgiram novidades importantes sobre a retomada das exportações de carne de frango do Brasil, mas com ressalvas significativas para o estado sulista.

Nesta quarta-feira (7), o presidente da Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav), José Eduardo dos Santos, anunciou que a China decidiu retomar as compras de carne de frango e seus derivados do Brasil, exceto do Rio Grande do Sul. Em uma movimentação semelhante, o México também confirmou a reabertura de seu mercado para a carne de frango brasileira, mas manteve o embargo ao produto proveniente do estado gaúcho.

Essa retomada parcial das exportações é vista com otimismo por parte dos produtores e exportadores brasileiros, mas a exclusão do Rio Grande do Sul continua a ser um ponto de tensão. "Esperamos que a China e o México revejam essa decisão em breve e que o Rio Grande do Sul possa retomar suas exportações", afirmou Santos, destacando que, para a China, a reabertura completa das compras pode ocorrer dentro de 15 dias.

O Rio Grande do Sul, historicamente um dos principais exportadores de carne de frango do Brasil, enfrenta desafios adicionais devido a um incidente recente relacionado à doença de Newcastle. Apesar de o foco da doença ter sido identificado e erradicado com sucesso, alguns países mantêm o embargo às exportações avícolas do estado. Durante o Siavs, lideranças da cadeia produtiva, autoridades e representantes do serviço oficial debateram a necessidade de uma ação mais incisiva para reverter essa situação.

Eduardo Santos, presidente executivo da Asgav, destacou os esforços empreendidos pelas autoridades brasileiras para controlar a situação. "Já derrubamos o autoembargo e comunicamos à Organização Mundial de Saúde Animal o encerramento do foco. Fizemos um trabalho exemplar de erradicação, controle e vigilância", afirmou. Ainda assim, a manutenção dos embargos por parte de alguns países é vista como uma medida desproporcional, considerando o rigor das ações sanitárias implementadas.

O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), também se posicionou firmemente a favor da suspensão dos embargos. Durante sua participação no Siavs, Leite destacou que o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) já decretou o fim da doença e assegurou a segurança sanitária da produção gaúcha. "Seguimos ao lado dos produtores nessa luta, defendendo a importância de uma estrutura técnica capacitada e alinhada em conhecimentos para garantir a segurança e a competitividade do nosso produto", disse o governador.

A avicultura é um dos setores mais dinâmicos da economia brasileira, com impacto direto na geração de empregos e na balança comercial. A retomada das exportações para a China e o México, embora limitada, representa um alívio para o setor, que vinha enfrentando incertezas em função dos embargos. No entanto, a exclusão do Rio Grande do Sul dessas transações é uma preocupação significativa, uma vez que o estado desempenha um papel crucial na produção e exportação de carne de frango no país.

A Asgav, juntamente com outras entidades do setor, continua a pressionar por uma solução definitiva que permita ao Rio Grande do Sul retomar plenamente suas exportações. Durante o Siavs, foi evidente o empenho das lideranças em garantir que os produtos gaúchos voltem a ter acesso irrestrito aos mercados internacionais.

O Siavs, que reúne empresários, produtores e profissionais do setor, serviu como palco para importantes discussões sobre o futuro da avicultura no Brasil. A feira, que contou com a participação de empresas de pequeno, médio e grande porte, refletiu a força e a importância da produção de proteína animal para a economia brasileira.

A retomada das compras de carne de frango do Brasil por parte da China e do México é um sinal positivo para a economia brasileira, mas a exclusão do Rio Grande do Sul levanta questões que precisam ser abordadas com urgência. O trabalho exemplar de controle sanitário realizado no estado é uma prova do compromisso do Brasil com a qualidade e segurança de seus produtos. Com o apoio do governo estadual e federal, espera-se que os embargos sejam totalmente suspensos em breve, permitindo que o Rio Grande do Sul recupere seu papel de destaque no mercado global de proteínas.