O comércio internacional entre o Brasil e os Estados Unidos ganha mais um importante capítulo com a recente aceitação, por parte do governo norte-americano, do Certificado Sanitário Internacional Vegetal (CSIV) para a exportação de óleo de cozinha usado (“Used Cooking Oil” – UCO) proveniente do Brasil. Este desenvolvimento representa uma oportunidade significativa para o mercado brasileiro de biocombustíveis, evidenciando a crescente demanda dos EUA por matérias-primas sustentáveis.

Oportunidade Econômica e Sustentabilidade

O UCO, resíduo de óleos e gorduras vegetais utilizados em cozinhas e processos de fritura na indústria alimentícia, se tornou uma valiosa matéria-prima na produção de biocombustíveis, como biodiesel e combustível de aviação sustentável. Com a aprovação do CSIV, o Brasil está bem posicionado para atender às necessidades do mercado norte-americano, que em 2023 importou aproximadamente 1,4 milhão de toneladas métricas de UCO. Este volume foi suficiente para a produção de 2,27 bilhões de litros de biocombustíveis, totalizando importações no valor de cerca de US$ 1,66 bilhão.

Certificação e Qualidade

Para garantir a conformidade com as rigorosas exigências dos EUA, o Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Vegetal (DIPOV) do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) do Brasil emitirá certificados de rastreabilidade, identidade e origem do produto. Esses certificados serão baseados em auditorias dos procedimentos de autocontrole dos estabelecimentos responsáveis pela armazenagem e exportação do UCO. Este sistema de certificação é crucial para assegurar que o óleo de cozinha usado exportado esteja em conformidade com os padrões internacionais de qualidade e segurança.

Mercado em Expansão

A decisão dos EUA de aceitar o CSIV para UCO do Brasil é uma continuação das iniciativas recentes de abertura de mercado para produtos agrícolas brasileiros. Em janeiro deste ano, os EUA já haviam autorizado a exportação de gelatina e colágeno de origem animal do Brasil. Em 2023, as exportações brasileiras de produtos do agronegócio para os Estados Unidos ultrapassaram a marca de US$ 9,82 bilhões, com os EUA se estabelecendo como o segundo maior parceiro comercial do Brasil.

Impacto no Agronegócio Brasileiro

A inclusão do UCO na lista de produtos exportáveis para os Estados Unidos marca a 146ª expansão comercial do agronegócio brasileiro em 51 países desde o ano passado. Só em 2024, foram abertos 68 novos mercados em 29 países, destacando a competitividade e a capacidade de expansão do setor agrícola brasileiro.

A exportação de UCO representa não apenas uma oportunidade econômica, mas também um avanço significativo em termos de sustentabilidade ambiental. O uso de resíduos de óleo de cozinha para a produção de biocombustíveis contribui para a redução de resíduos e emissões de gases de efeito estufa, alinhando-se com as metas globais de sustentabilidade e combate às mudanças climáticas.

Perspectivas Futuras

Com a aceitação do CSIV pelos Estados Unidos, o Brasil se posiciona como um fornecedor chave de UCO para o mercado norte-americano. Este desenvolvimento pode incentivar outros países a seguir o exemplo dos EUA, potencialmente abrindo mais mercados internacionais para o óleo de cozinha usado brasileiro. Além disso, a demanda crescente por biocombustíveis oferece uma oportunidade contínua para o agronegócio brasileiro expandir suas operações e aumentar suas exportações.

O setor agrícola brasileiro tem demonstrado uma notável capacidade de adaptação e inovação, respondendo rapidamente às exigências dos mercados internacionais e aproveitando as oportunidades emergentes. A certificação e exportação de UCO são um exemplo claro de como o Brasil pode alavancar sua expertise em produção agrícola e sustentabilidade para atender às necessidades globais.

A aceitação do CSIV para a exportação de óleo de cozinha usado do Brasil pelos Estados Unidos é um marco importante para as relações comerciais entre os dois países. Este avanço não apenas abre novas oportunidades econômicas para o Brasil, mas também reforça o compromisso de ambos os países com a sustentabilidade e a inovação no setor de biocombustíveis. À medida que o mercado global continua a evoluir, o Brasil está bem posicionado para se destacar como um líder na produção e exportação de biocombustíveis sustentáveis, impulsionando ainda mais seu papel no cenário internacional.