A Polícia Federal (PF) anunciou nesta quarta-feira (12) a abertura de um inquérito para investigar possíveis irregularidades no recente leilão de arroz importado, realizado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). A medida surge em resposta a denúncias sobre a integridade do certame, que envolveu a venda de 263,37 mil toneladas de arroz importado, somando uma operação de 1,3 bilhão de reais.
Contexto e Motivações do Leilão
O leilão foi promovido pelo governo com o intuito de aumentar a oferta de arroz no mercado nacional, especialmente após as severas enchentes no Rio Grande do Sul, principal estado produtor do cereal no Brasil. A iniciativa buscava garantir o abastecimento a preços acessíveis para a população, mas logo se tornou alvo de controvérsias.
Empresas Envolvidas e Questionamentos
Entre os quatro arrematantes do leilão, uma trading com experiência no comércio exterior destacou-se, enquanto outras empresas, sem tradição no segmento de cereais, suscitaram dúvidas sobre sua capacidade técnica e financeira. As suspeitas sobre a idoneidade dessas empresas ganharam força, levando a presidência da Conab a solicitar a intervenção da PF.
Cancelamento do Leilão e Próximos Passos
Diante das denúncias, o governo decidiu anular o leilão na terça-feira (11). Paulo Teixeira, Ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, anunciou que um novo edital de leilão de arroz será publicado dentro de 10 dias. A expectativa é que o novo certame seja conduzido com maior rigor para evitar quaisquer dúvidas sobre sua lisura.
Conflito de Interesse e Demissões
Outro ponto de destaque no escândalo envolve o ex-secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Neri Geller, que deixou o cargo na terça-feira. Geller está sob suspeita de conflito de interesse, pois seu ex-assessor, Robson França, teria representado empresas vencedoras no leilão. Reportagens dos jornais O Estado de S.Paulo e Valor Econômico indicam que Marcelo Geller, filho de Neri, é sócio de França, agravando as suspeitas de irregularidades.
Geller, por sua vez, negou veementemente qualquer envolvimento em práticas ilícitas. Em entrevista à BandNews TV, ele rechaçou as alegações de que teria pedido demissão e afirmou que não aceitará ser usado como "bode expiatório" no caso. Destacou ainda sua trajetória de 30 anos no setor agropecuário, como líder da Aprosoja, deputado federal, secretário de Política Agrícola por duas vezes e ministro da Agricultura durante o governo Dilma Rousseff.
Repercussões e Expectativas
A instauração do inquérito pela Polícia Federal é um passo crucial para esclarecer os fatos e assegurar a transparência nos processos licitatórios do governo. A sociedade espera respostas rápidas e contundentes, principalmente em um setor tão sensível quanto o de alimentos, onde a segurança e o acesso a preços justos são fundamentais.
A abertura do inquérito pela Polícia Federal para investigar o leilão de arroz importado pela Conab é uma ação necessária para garantir a transparência e a integridade nos processos governamentais. A anulação do leilão e a promessa de um novo edital são passos importantes para resolver as questões levantadas e assegurar que o mercado nacional seja devidamente abastecido com arroz a preços acessíveis. A apuração das responsabilidades e a correção dos possíveis erros cometidos são essenciais para restaurar a confiança na administração pública e proteger os interesses da população.
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