O abate de bovinos no Brasil alcançou um novo recorde histórico, com 9,3 milhões de cabeças abatidas no primeiro trimestre de 2024. Esse número representa um aumento de 24,6% em relação ao mesmo período de 2023 e uma alta de 1,6% comparado ao quarto trimestre do ano passado. O crescimento foi destacado em 23 das 27 unidades da federação, com os maiores incrementos registrados em Mato Grosso, Goiás e São Paulo.
Incremento de 1,84 Milhão de Cabeças
O aumento de 1,84 milhão de cabeças no primeiro trimestre de 2024, em comparação com o mesmo período do ano anterior, reflete um período de ampla oferta de animais prontos para o abate. Bernardo Viscardi, supervisor da pesquisa do IBGE, explica que esse fenômeno resulta de um ciclo anterior de maior retenção de fêmeas entre 2019 e 2022. "Durante esse período, o preço dos bezerros estava em alta, tornando a atividade reprodutiva das fêmeas atrativa para os pecuaristas. A partir de meados de 2022, observamos o ciclo inverso, com a queda nos preços dos bezerros e a destinação das fêmeas para o abate", analisa Viscardi.
Destaques Regionais
Os estados que mais contribuíram para o recorde foram:
- Mato Grosso: +420,07 mil cabeças
- Goiás: +263,41 mil cabeças
- São Paulo: +219,41 mil cabeças
- Minas Gerais: +206,49 mil cabeças
- Pará: +180,04 mil cabeças
- Rondônia: +155,75 mil cabeças
- Mato Grosso do Sul: +110,36 mil cabeças
- Bahia: +58,08 mil cabeças
- Paraná: +46,73 mil cabeças
Por outro lado, o Rio Grande do Sul apresentou a variação negativa mais expressiva, com uma redução de 34,41 mil cabeças.
Queda no Abate de Frangos
Contrariando a tendência de crescimento no abate de bovinos, o abate de frangos registrou uma queda de 1,2% em relação ao primeiro trimestre de 2023, totalizando 1,59 bilhão de cabeças. No entanto, houve um aumento de 4,0% em comparação com o quarto trimestre de 2023, o segundo maior resultado na série histórica da pesquisa, ficando atrás apenas do primeiro trimestre de 2023. A queda foi observada em 13 das 25 unidades da federação, com destaque para:
- Rio Grande do Sul: -21,52 milhões de cabeças
- Minas Gerais: -3,83 milhões de cabeças
- Goiás: -2,92 milhões de cabeças
- Bahia: -2,80 milhões de cabeças
- Mato Grosso: -631,25 mil cabeças
A produção de ovos de galinha, por outro lado, atingiu um recorde, com 1,10 bilhão de dúzias, representando um aumento de 6,1% em relação ao primeiro trimestre de 2023 e 2,6% comparado ao quarto trimestre de 2023.
Queda no Abate de Suínos
O abate de suínos também apresentou uma queda de 1,6% em comparação ao primeiro trimestre de 2023, com 13,95 milhões de cabeças abatidas. Em comparação com o quarto trimestre de 2023, a queda foi de 1,4%. As reduções mais significativas foram registradas em:
- Minas Gerais: -179,32 mil cabeças
- Rio Grande do Sul: -85,35 mil cabeças
- Santa Catarina: -83,07 mil cabeças
- Mato Grosso do Sul: -42,80 mil cabeças
- Mato Grosso: -40,48 mil cabeças
- Goiás: -9,04 mil cabeças
Viscardi explica que a desvalorização da carne bovina influenciou diretamente a queda no abate de suínos, afetando o mercado interno.
Aumento na Aquisição de Leite
A aquisição de leite cru no primeiro trimestre de 2024 foi de 6,21 bilhões de litros, representando um aumento de 3,3% em relação ao primeiro trimestre de 2023. No entanto, houve uma queda de 4,4% em comparação ao quarto trimestre de 2023. Este aumento anual pode ser atribuído ao barateamento dos custos de produção e à regularização das chuvas entre janeiro e março. As maiores variações positivas foram registradas em:
- Minas Gerais: +116,11 milhões de litros
- Paraná: +27,33 milhões de litros
- Goiás: +24,29 milhões de litros
- Rondônia: +18,81 milhões de litros
- Rio de Janeiro: +5,73 milhões de litros
- Sergipe: +5,63 milhões de litros
Em contraste, os maiores decréscimos foram observados no Rio Grande do Sul (-41,78 milhões de litros), São Paulo (-37,05 milhões de litros) e Pernambuco (-5,96 milhões de litros).
Análise dos Dados e Perspectivas
Os dados das Estatísticas da Produção Pecuária do IBGE fornecem uma visão detalhada do setor agropecuário brasileiro, refletindo as variações sazonais e os ciclos econômicos que impactam a produção e o abate de animais. Com o novo recorde de abate de bovinos, o setor mostra-se resiliente e em crescimento, enquanto as quedas no abate de frangos e suínos sugerem ajustes na oferta e demanda de proteínas no mercado interno. A aquisição crescente de leite também indica uma recuperação e estabilidade no setor lácteo, essencial para a economia agrícola brasileira.
A próxima divulgação dos primeiros resultados para o segundo trimestre de 2024 será em 13 de agosto, com os resultados completos previstos para 5 de setembro.