O setor de consórcios para aquisição de máquinas agrícolas e veículos pesados está experimentando um crescimento impressionante no Brasil, de acordo com dados recentes divulgados pela Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios (ABAC). No decorrer dos últimos 12 meses, foi registrado um aumento significativo de 37,1% na liberação de créditos para a compra desses bens, totalizando uma cifra de R$ 12,6 bilhões em comparação aos R$ 9,2 bilhões disponibilizados no ano anterior.

Esse fenômeno se estende além dos veículos pesados, abrangendo também o segmento de máquinas agrícolas, como tratores, plantadeiras e colheitadeiras, onde foram comercializados R$ 46,76 bilhões em créditos. O sistema de consórcios para pesados opera de maneira similar ao de outros bens, onde os participantes adquirem cotas e têm a opção de dar lances antecipados ou aguardar o sorteio. O diferencial que tem atraído a atenção dos consumidores são os custos reduzidos, uma vez que o sistema de consórcios não incorre em juros.

Luís Toscano, vice-presidente de Negócios da Embracon, uma das principais empresas do setor, destaca a distinção entre o consórcio e o financiamento, enfatizando que enquanto os financiamentos aplicam juros compostos anuais, as taxas de consórcio são estabelecidas com base no período de parcelamento, o que resulta em encargos mais baixos ao longo do tempo.

A Embracon, que apresentou um crescimento de 23% nos consórcios de pesados em 2023, projeta manter sua trajetória ascendente em 2024, com uma expectativa de crescimento de 16% exclusivamente nesse segmento. Este otimismo é impulsionado pela crescente conscientização dos empresários sobre a importância do planejamento financeiro na gestão de seus ativos.

Por outro lado, o mercado de máquinas agrícolas novas enfrenta um cenário desafiador, com uma queda de 23,2% nas vendas em 2023, totalizando cerca de R$ 9 bilhões a menos em comparação ao ano anterior. Projeções indicam que essa tendência de retração deve persistir, com estimativas de uma redução adicional entre 10% e 15% em 2024, de acordo com a ABIMAQ e a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (ANFAVEA).

Para Toscano, essa relação de declínio nas vendas de máquinas novas reflete uma mudança de mentalidade entre os empresários, que estão priorizando um planejamento financeiro mais cuidadoso. Ele ressalta que o consórcio emerge como a melhor alternativa para aquisição de bens e serviços, destacando suas vantagens econômicas, especialmente quando comparadas às taxas de financiamento.

Em relação ao impacto das taxas de juros no mercado de consórcios, Toscano argumenta que, embora as taxas mais altas impulsionem o mercado, a modalidade de consórcio é resiliente e se adapta às condições econômicas do momento. Em períodos de alta atividade econômica, o setor acompanha o crescimento, enquanto em momentos de incerteza, o consórcio se torna um refúgio para aqueles que buscam estabilidade financeira.

Em suma, o crescimento exponencial dos consórcios para aquisição de máquinas agrícolas e veículos pesados reflete uma mudança de paradigma no mercado, onde os empresários estão adotando estratégias financeiras mais inteligentes e buscando alternativas vantajosas para investimentos de longo prazo.