O DNA competitivo do agronegócio brasileiro continua em evolução. O desembarque de recursos tecnológicos, cada vez mais precisos e avançados, segue gerando importantes resultados para as propriedades. O crescimento sólido do setor, mesmo diante de grandes adversidades, é a prova de que o Brasil do Agro é um gigante que nunca dormiu. Pelo contrário, segue acordado e caminhando a passos largos no caminho de seu desenvolvimento.

Porém, o dinamismo do segmento e a própria necessidade de ampliação produtiva exigem do produtor rural cada vez mais atenção ao contexto que surge em seu horizonte. Pelo lado da demanda, o grande desafio para os próximos anos será a complexa missão de alimentar uma população mundial que segue crescendo e consumindo cada vez mais. Diversos estudos internacionais já indicam que até 2050 teremos nada menos que 10 bilhões de habitantes no planeta.

Já no curto prazo, crescem em alguns países as pressões de produtores locais por medidas protecionistas, que podem oferecer algumas dificuldades às exportações brasileiras. Já as questões ambientais estão entre os principais temas para as grandes potências, sobretudo com o retorno dos EUA aos tratados internacionais de proteção ao meio ambiente. Isso, sem contar as previsões de retomada do crescimento econômico, ainda incertas enquanto durar a atual pandemia de Covid-19.

Todos esses fatores fazem com que a palavra Inovação esteja em destaque no agronegócio do Brasil. Da criação de aplicativos, que permitem ao produtor encontrar insumos com preços mais atrativos, aos sistemas de mapeamento do solo via satélite, passando pelo desenvolvimento de produtos que protegem e promovem o crescimento sustentável das lavouras, a inovação tecnológica é uma via sem volta para quem deseja continuar crescendo.

Para que isso aconteça de fato, será vital que o Brasil realize investimentos em pesquisa, fortalecendo, por exemplo, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). A empresa, que é pública e tem quase cinquenta anos de história, atua ao lado do produtor rural no desenvolvimento de soluções capazes de transformar a produção nacional (como o que ocorreu com a soja e a cana-de-açúcar), seja por meio do apoio aos trabalhos no campo ou com novas descobertas extremamente benéficas.

Em outra frente, é preciso olhar para as startups especializadas no agronegócio que estão surgindo com apoio de grandes empresas e instituições públicas de ensino superior, como a Esalq/Usp, em Piracicaba (SP) ou até mesmo as Fatecs, como a de Itapetininga, SP. Essa nova forma de enxergar a produção, proposta por jovens empreendedores, apresenta ótimos caminhos aos proprietários e ao setor de forma geral, pois une a inovação tecnológica a práticas altamente rentáveis (incluindo a racionalização do uso de recursos humanos, mecânicos e de insumos), além de oferecer técnicas precisas, que evitam a pressão sobre os recursos naturais disponíveis.

Portanto, é preciso que o trabalho de modernização comece com uma nova visão sobre a relação produção/tecnologia. Um desenvolvimento que esteja alinhado aos investimentos em pesquisa, ao conhecimento que gera novas soluções. Afinal, o agronegócio brasileiro é um gigante que precisa seguir evoluindo e isso só se faz com muito trabalho, mas também com inteligência e capacidade constante de inovação.