Há uma ameaça em jogo de que o furacão Irma possa causar estragos nas áreas agrícolas da Flórida. Seria um prejuízo de US$1,2 bilhão no estado que é o maior produtor de laranjas, tomates, pepino, abóbora e cana-de-açúcar dos Estados Unidos.

A Flórida também representa quase 10% das terras do país dedicadas à produção de vegetais frescos, de acordo com dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). Com isso, o Irma provocou um impulso nos preços do suco de laranja e do açúcar doméstico nesta semana.

Para produtores como Andy McDonald, que planta morangos próximo a Plant City, Florida, é preciso se preparar para os danos. Os campos de McDonald estão prontos para receber a safra de inverno na próxima semana. Entretanto, se as chuvas e os ventos excessivos castigarem as área de cobertura que protege as terras durante o outono, "não teremos uma safra", diz, em entrevista ao FarmFutures.

"Não é algo do qual seja possível se recuperar rapidamente", acrescentou o produtor, que é gerente da Sweet Life Farms. A situação de McDonald, multiplicada por milhares de fazendeiros na Flórida, demonstra o quanto o Irma poderá "paralisar muitas comunidades".

O furacão mais caro da história

O Irma, que está "varrendo" o Caribe e ameaçando se tornar a tempestade mais cara da história dos Estados Unidos, poderia devastar a economia agrícola da Flórida. Os danos nas culturas podem afetar os preços dos alimentos e as finanças dos produtores norte-americanos nos próximos meses e anos.

Alguns mercados já estão mostrando alguma movimentação. Os futuros do suco de laranja estão operando em seus níveis mais altos desde maio, enquanto o contrato para o açúcar norte-americano subiu na quarta-feira para o maior nível desde julho. Se o Irma atingir também estados como a Georgia e as Carolinas, milho, soja, algodão e amendoim também poderão sofrer danos.

'Melhor do que outubro"

"Nunca é uma boa hora para um furacão, mas é melhor que seja agora do que em outubro ou novembro", disse Reggie Brown, vice-presidente da Florida Tomato Exchange e produtor na região de Immokalee.

Segundo Brown, as laranjas podem suportar melhor os ventos nessa época do que nos próximos meses, já que ainda não atingiram seu tamanho máximo e as frutas mais leves podem ser poupadas de serem carregadas pelos ventos.

Dean Mixon, presidente da Mixon Fruit Farms, disse que sua família levou dois anos para se recuperar do Furacão Donna em 1960, o último furacão que atingiu suas lavouras. Os ventos fortes e as chuvas intensas derrubaram árvores e destruiram o maquinário. O Donna estava entre as escalas de furacão 3-4, enquanto o Irma pode estar na escala 5, indicando uma maior força.

Para Joel Widenor, diretor de serviços agrícolas da Commodity Weather Group, o Irma poderia causar mais estragos na parte oriental da Flórida, caso atinja o estado, na qual também está localizado parte do cultivo de laranja. Entretanto, ele destaca que a área de risco pode ser inferior a 25% se a tempestade permanecer no mar - com mesmo cenário para frutas e vegetais.

Safras seguras

Quando a tempestade acabar, os agricultores podem, em parte, recorrer a seus próprios recursos para cobrir perdas. Uma lei federal de 2014 criou um programa de desastres para produtores de gado, mas este mecanismo também pode ser utilizado para a agricultura em geral.

A maior parte das áreas de laranja da Flórida possui seguro neste ano, de acordo com o Governo. Entretanto, apenas metade da área de tomate está segura, enquanto políticas para o morango não existem fora da Califórnia.

"Culturas pequenas não possuem área suficiente para serem asseguradas. E furacões, embora devastadores, são relativamente raros e imprevisíveis", disse John-Walt Boatright, porta-voz da Florida Farm Bureau Federation.


Fonte: FarmFutures